O coronavírus mostrou-se em toda a sua potência de
destruição na última semana, em sete dias o número de mortos e infectados se
multiplicou. Há uma semana, o número de mortos foi de 356, e agora estão em
1.056, e as infecções saltaram de 9.056 para 19.638 no mesmo período.
E isso vai refletir diretamente nos hospitais e em sua
capacidade de atendimento. Uma receita para o colapso. Em São Paulo, o sistema
de saúde pode colapsar em dez dias caso a população não respeito as políticas
de isolamento social. De início, 69% da população aderiu ao isolamento
decretado pelo governo estadual, mas o engajamento diminuiu para 47%. Com isso,
a curva de novos casos, que vinha achatando, está aumentando.
Com 12.546 leitos de UTI, entre público e privado, no
estado de São Paulo, e uma ocupação atual de 50%, o risco vem se aproximando
com um ritmo de aumento de 20% por dia.
O Rio de Janeiro enfrenta o mesmo problema com o avanço
dos casos e o temor de que a rede de saúde não dê conta caso o isolamento não
ocorra e a infecção se espalhe.
O colapso do sistema de saúde foi antecipado por Luiz
Henrique Mandetta, ministro da Saúde, em março, quando afirmou que a rede
hospitalar poderia ter dificuldades para atender a população no final de abril.
E o colapso é quando não adianta ter plano, ou ordem judicial ou dinheiro,
simplesmente não há um sistema para você entrar.
Em Fortaleza, capital do Ceará, já há ocupação de 85%
de leitos públicos de UTI, e o governo estadual calcula que o pico da
contaminação ocorrerá entre 25 e 27 de abril, quando deve-se alcançar a marca
de 3 mil casos positivos de doença.
Em Manaus a situação é mais grave, com 95% dos leitos
ocupados na semana passada. Especialistas já consideram que o sistema já entrou
em colapso, só falta a confirmação do governo estadual. A previsão é que o pico
ocorra ainda esta semana. As campanhas foram reforçadas, mas não terão efeito
imediato.
“Só 10% dos municípios do Brasil têm leito de UTI.
Metade dos cerca de 6 mil hospitais do país conta com menos de 36 leitos, uma
capacidade muito baixa. Não têm respirador, desfibrilador, tomógrafo… E a
Covid-19 precisa de uma estrutura de cuidados para pacientes graves”, alerta
Margareth Portela, pesquisadora da Fiocruz.
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