Ronaldo César publicou em seu blog na última terça-feira (14/04), um texto, que serve de
reflexão para se refletir na questão da saúde municipal, vivida aqui em
Garanhuns, a questão de uma cidade com média de 130 mil habitantes não ter
condições de ter um Hospital Municipal, uma cidade onde se investe tanto em
festas como o Viva Dominguinhos, Magia do Natal, todos os anos, mais não tem
condições de manter um Hospital público para atender sua população.
Um texto rico para
se descer do palanque político e pensar na questão de saúde pública, abordar o
tema de maneira crítica sem as luzes política, mais sim com as luzes da crítica
construtiva.
Veja o texto na íntegra:
A V Regional de Saúde tem 21 municípios em sua
abrangência, apenas dois deles não têm hospital municipal: Jucati e Garanhuns.
O primeiro talvez se explique pela falta de demanda, de tão pequeno, o outro é
falta de interesse mesmo, por mais que o prefeito diga que a prefeitura não tem
recursos para prover um hospital municipal. Como então conseguem Jupi, Caetés,
Angelim, Canhotinho, Terezinha,..., e mais de uma dezena de municípios, todos
eles menores que Garanhuns? Alguns municípios têm hospital de fazer inveja, com
bloco cirúrgico funcionando, escala de médicos fechadinha, equipes motivadas,
farmácia, etc.
O prefeito pode
dizer que aqui na cidade polo regional vai gastar mais com hospital, mas é
lógico que também recebe bem mais, como aponta qualquer planilha de liberação
de recursos federais que se tenha acesso. Portanto, não ter hospital municipal
não é questão de dinheiro, mas de interesse e prioridade.
Por anos a fio, o
Hospital Regional Dom Moura esteve aí para absorver a demanda municipal. Mas
isto é certo? Errado. O Hospital Regional é regional, ou seja, é para atender a
região (desculpem a redundância) em casos de média e alta complexidade, dentro
de suas atribuições. A baixa complexidade, ou seja, os atendimentos de urgência
básicos devem ser atendidos pelo município, e não em PSFs, mas em um hospital.
O Hospital Infantil tem assimilado parte da responsabilidade da prefeitura, mas
é eletivo e ambulatório. Não tem emergência. Não tem servidor público. É
prático para o município pagar a tantos serviços particulares terceirizados,
mas ele mesmo deixa de oferecer o serviço essencial. Provavelmente, se somar o
que tem gasto com terceirizados, bancasse com sobras seu hospital público.
Assim que o atual
prefeito tomou posse cuidou logo de fechar o Hospital Municipal herdado do
ex-prefeito Luis Carlos, instalado na antiga Casa de Saúde Santa Terezinha. O
prefeito chamou de casa de parto, e disse que não valia o investimento. Fechou.
Não procurou readequar, investir, melhorar... Não, simplesmente fechou. Poucos
questionaram. Como se fecha um hospital? Passou os anos credenciando
instituições particulares e nunca ofereceu um leito sequer em sua gestão. Ou
seja, tirando os PSFs para ambulatório, o Hospital Dom Moura continua sendo a
porta de entrada para qualquer emergência em Garanhuns. E pior, por vezes
criticado por aqueles que deveriam cumprir sua função.
Cedo ou tarde a
conta chegaria para a população, principalmente a mais carente, e a hora parece
ser agora. Nesta pandemia, o município de Garanhuns não tem um leito sequer
para nenhum paciente, ficou totalmente à mercê do estado e da rede particular.
Quando a gente diz nenhum, é nenhum mesmo. E nem vemos movimento no sentido de
resolver esta questão.
Além do fechamento
do hospital, tem a questão do prédio da UPA24H, na entrada da Cohab II, que
como fica meio escondida, ninguém fala, e por vezes nem lembra, mas já era para
ter sido inaugurada há uns quatro ou cinco anos. Era para ser uma UPA24H, não
foi, poderia virar uma Policlínica, não virou. Resultado, o prédio está lá
abandonado, inacabado e se deteriorando. Faltam recursos ou falta vontade de
resolver? Estão fotos aí acima para mostrar como se encontra.
A sociedade calada
não reclama, não cobra, não provoca. E a população mais carente, que geralmente
busca estes serviços públicos, paga caro com a própria saúde.
Garanhuns precisa
do seu Hospital Municipal urgente, se der para ser no prédio da UPA24H, que
seja, ou que se projete, planeje, priorize e construa. É para isto uma gestão,
elencar prioridades e investir. A população vai descobrir da pior forma a falta
de um Hospital Municipal.
E antes de
terminar, falo também daquele hospital prometido por Eduardo Campos, lembram?
Pois é, ele estava deixando o governo para se candidatar a presidente, e dali
pra cá os recursos federais para construção minguaram. Paulo Câmara preferiu
segurar as contas do estado que iniciar uma construção e deixar pela metade. E
se tivesse feito, o HRDM iria para o município, mas o prefeito disse que não
tinha interesse, assim, ficamos com o Dom Moura mesmo, bancado pelo estado, que
cumpre a função de estado e município de Garanhuns, que representa quase 80%
dos pacientes atendidos em suas emergências adulto, pediátrica e odontológica,
em sua maternidade e pediatria, em seu bloco, CTI e UTI, enfermarias.. E o
estado ainda banca a UPAE, que atende mensalmente milhares de pessoas dos 21
municípios da regional.
Está na hora de
Garanhuns voltar a ter seu hospital. Tomara que o prefeito reconsidere sua
visão, mesmo em final de mandato. Ou que aqueles que possam ocupar sua cadeira
no futuro priorizem a saúde e a educação.
Garanhuns está
recebendo mais de R$ 1 milhão para investir no combate à pandemia, dá para dar
uma geral no prédio da UPA24h, equipar com o básico, e depois vai estruturando,
para não fechar mais. Pode virar UPA24h, UPA DIA, Policlínica, hospital, ...
Mas alguma coisa precisa ser feita. Passou da hora.
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