Como Bolsonaro não vai mudar drasticamente o seu rumo
ele precisa sair1. #BolsonaroCrimesContraHumanidade
A pandemia do novo coronavírus parece estar
inexoravelmente levando o Brasil a uma crise humanitária de proporções ainda
imprevisíveis, mas certamente catastróficas. Neste momento, em que seria
imprescindível que a presidência do país fosse exercida por alguém que tivesse
na vida humana o principal valor a ser preservado, acontece exatamente o
contrário.
No mês de março já havia ficado evidente que a
catástrofe seria inevitável, se medidas efetivas de distanciamento social não
fossem então implementadas. O vídeo do biólogo Átila Iamarino disparou
o alarme que chacoalhou o país, e fez com que os governadores mais lúcidos se
conscientizassem do único papel que lhes cabia assumir naquele momento. Não se
tratava então de ser um político de esquerda, de centro ou de direita, mas de
ser a favor da vida.
Por suas palavras e atos, o presidente Jair Messias
Bolsonaro “não é a favor da vida”². Ele é a pessoa errada para conduzir o
Brasil através desta crise inédita na saúde, da forma menos traumática
possível. No momento em que a ciência precisa prevalecer sobre o terraplanismo,
a maioria da população assiste atônita às tentativas de Bolsonaro de boicotar
as medidas preconizadas pela Organização Mundial da Saúde, e também pelos
melhores infectologistas do país e do mundo.
O resultado desta ação inconsequente e criminosa de
Bolsonaro e seguidores, foi o aumento dos casos de contaminação com o
coronavírus, e mortos pela COVID-19. O número de mortes nas comunidades de
baixa renda e na população de rua já começa a atingir números alarmantes. Estes
grupos não estão conseguindo acesso a leitos de UTI, onde poderiam contar com
respiradores, que podem fazer a diferença entre viver e morrer.
Em 29 de março, artigos do blogue Chacoalhando e de Bernardo Mello Franco já prenunciavam que se Bolsonaro
prosseguisse com suas políticas criminosas, estaria caminhando para um
indiciamento pelo TPI, o Tribunal Penal Internacional (Corte de Haia), pelo
cometimento de Crimes contra a Humanidade. E ele prosseguiu.
Em 2 de abril a ABJD, Associação Brasileira de Juristas
pela Democracia, entrou junto ao TPI, com uma petição pela instauração de procedimento para
averiguar o cometimento de Crimes contra a Humanidade por Bolsonaro, “por expor
a vida de cidadãos brasileiros, com ações concretas que estimulam o contágio e
a proliferação do vírus causador da COVID-19”.
Na mesma ocasião, o escritor paraibano Diego de
Oliveira³ lançou um abaixo-assinado na plataforma Change.org,
coletando assinaturas para que Bolsonaro seja processado por Crimes contra a
Humanidade. Atualmente, cerca de 120.000 pessoas já aderiram à campanha. A meta
estabelecida inicialmente é chegar a 150.000 assinaturas.
Os procedimentos no TPI costumam seguir um curso
pré-estabelecido que, por vezes, pode não atender à urgência exigida em
determinadas ocasiões. No caso da pandemia do coronavírus, cada semana de uma
política equivocada, traz como resultado dezenas de milhares de mortes, que de
outra forma não ocorreriam.
A pressão de um abaixo-assinado pode não apenas
contribuir para apressar ações de entidades internacionais, como também dar
mais respaldo aos governadores e prefeitos para manterem medidas de isolamento
social, e mesmo ampliar as restrições, caso necessário.
A pressão massiva da população poderá fazer também com
que Judiciário brasileiro, incluindo o Supremo, bem como Câmara dos Deputados e
Senado estejam à altura das responsabilidades que o momento exige, para não
serem também considerados como cúmplices, por inação, na morte de dezenas ou
mesmo centenas de milhares de brasileiros.
Amplos setores da população estão impossibilitados de
fazer manifestações nas ruas, para expressar seu repúdio à forma como
Bolsonaro vem conduzindo o país durante a pandemia. Restaram principalmente os
panelaços e as redes sociais. Mas pode haver uma outra forma de canalizar o
sentimento de indignação e impotência que está em todos que não fazem parte dos
agentes da morte que estão no poder em Brasília, e de seus adeptos fanáticos.
Será que com uma adesão em massa ao abaixo-assinado do
escritor Diego de Oliveira consegue-se alcançar 1 milhão de assinaturas em
pouco tempo? Ou mais? Tal número de assinaturas traria certamente forte
impacto, interno e externo. Para se conseguir um número de adesões na casa dos
7 dígitos, seria fundamental que blogueiros e youtubers aderissem à
campanha. Vários deles proclamam ter centenas de milhares de seguidores.
Pois este é o momento de mostrarem que são realmente
influenciadores digitais, passando para seus seguidores o linque do abaixo-assinado. A História se faz também por
ações individuais do cidadão comum, que percebe que pode interferir no rumo dos
acontecimentos.
Diego de Oliveira é uma destas pessoas. Fica aqui uma
convocação a todas as pessoas sensatas e lúcidas, que venham participar desta
empreitada. Para que possam depois dizer que não foram espectadores de uma
tragédia anunciada, mas atores importantes de um processo histórico que
conseguiu evitar a maior catástrofe da história do país. O tempo está se
esgotando.
Notas do autor:
1. A frase no título foi uma resposta ao editorial da revista médica The Lancet, intitulado COVID-19
no Brasil: “E daí?”
2. Peguei emprestadas estas palavras, que escutei
pessoalmente de Leonardo Boff, cerca de 30 anos atrás, em referência ao papel
da Igreja Católica durante a crise de saúde resultante da ação de outro vírus,
o HIV, causador da AIDS.
3. Como homenagem ao bravo escritor, fica aqui
divulgado o título de seu primeiro livro “Gato Pardo – Notas sobre o inicio de
uma vida ébria”, lançamento de 2014 da Editora Imprell. Diego de Oliveira está
vivendo atualmente do auxílio emergencial de 600 reais, conforme publicado
no CartaCapital. Fica aqui também uma campanha pela aquisição deste livro,
para descobrirmos o que mais este jovem escritor tem a nos dizer.
Ruben Rosenthal é professor aposentado da Universidade
Estadual do Norte Fluminense e responsável pelo blogue Chacoalhando.
Fonte:
Jornal GGN
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