Divulgada pelo Supremo Tribunal Federal nesta sexta
(22), a famigerada reunião ministerial conduzida por Jair Bolsonaro mostra que
o presidente está disposto a usar os militares para garantir a “ordem” quando a
crise com os demais Poderes sair do controle.
Na conversa com os ministros, Bolsonaro diz
expressamente que não aceitará deixar o governo por qualquer motivo que ele
considere frágil. Ele cita como exemplo um pedido de impeachment por crime de
responsabilidade apresentado após o presidente romper o isolamento social em
plena pandemia de coronavírus para participar e incentivar atos contra o
Congresso e o STF. Bolsonaro considerou esses motivos “filigranas”.
“Por exemplo, quando se fala em possível impeachment,
ação no Supremo, baseado em filigranas, eu vou em qualquer lugar do território
nacional e ponto final! O dia que for proibido de ir qualquer lugar do Brasil,
pelo Supremo, acabou o mandato. E, espero que eles não decidam, ou ele, né?
Monocraticamente, querer tomar
certas medidas porque daí nós vamos ter uma crise política de verdade. E eu não
vou meter o rabo no meio das pernas. Isso daí… zero, zero.”
Para o presidente, impeachment só se justifica com
denúncias de corrupção, algo que ele bate no peito e diz não haver em seu
governo. “Porque se eu errar, se achar um dia ligação minha com empreiteiro,
dinheiro na conta na Suíça, porrada [em mim], sem problema nenhum. Vai pro
impeachment, vai embora. Agora, com
frescura, com babaquice, não!”
Como “chefe supremo das Forças Armadas”, Bolsonaro
disse que não poderia se ausentar de atos que exaltam os militares. O
presidente fez pouco caso de quem pede ou faz polêmica com a reedição do AI-5 –
“é uma besteira” – mas aderiu, sem pudor, ao que seus seguidores chamam de
“intervenção militar constitucional”.
“Quando um coitado levanta uma placa de Al-5, que eu tô
me lixando para aquilo, porque num existe AI-5… não existe. Artigo 142: nós queremos cumprir o
artigo 142, todo mundo quer cumprir o artigo 142. E havendo necessidade, qualquer dos poderes, pode, né? Pedir às Forças Armadas que intervenham pra restabelecer a ordem no Brasil, naquele local, sem problema nenhum.”
artigo 142, todo mundo quer cumprir o artigo 142. E havendo necessidade, qualquer dos poderes, pode, né? Pedir às Forças Armadas que intervenham pra restabelecer a ordem no Brasil, naquele local, sem problema nenhum.”
Sem citar nomes, o presidente disse que não irá
“provocar ninguém. E assim corno a defesa [dele] faz urna nota muito boa
dizendo que vai cumprir a Constituição, liberdade, e co… dez! E não aceita
golpe, dez! Também não aceita um contragolpe dos caras, porra!”
Ao longo da reunião, Bolsonaro fez apelos aos
ministros, para que se posicionem duramente contra medidas que ele considera
ditatoriais, como as prisões de civis que furam o isolamento social,
contrariando as restrições de mobilidade impostas por governos estaduais e
prefeituras.
Bolsonaro disse que os ministros podem se preocupar com
questões econômicas, mas precisam “acordar” para a “questão política” e a
“guerra pelo poder”.
“(…) é um apelo que faço a todos, que se
preocupem com política, pra não ser surpreendido. Eu não vou esperar o barco
começar a afundar pra tirar água”, disse. “Não é apenas é cuidar do seu
ministério nessas questões que estamos tratando aqui, é tratar da questão
política também. Essa é a preocupação temos que ter, porque a luta pelo poder
continua. A todo vapor. E sem neurose da minha parte, tá?”
Na mesma reunião, o presidente disse que quer armar a
população para que reajam aos governadores e prefeitos.
Fonte:
Jornal GGN
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