Fareja, ávido, o cheiro da morte.
Baixa sobre o corpo do morto
e faz a necrofesta sensacional
na TV local
ou em rede nacional.
Baixa sobre o corpo do morto
e faz a necrofesta sensacional
na TV local
ou em rede nacional.
Enquanto devora o morto
e chama os comerciais
derrama lágrimas de jacaré.
Tão sentimentais!
e chama os comerciais
derrama lágrimas de jacaré.
Tão sentimentais!
Os entes queridos da vítima
reclamam da gula abutre
em pavonear a morte
e a dor dos que choram.
reclamam da gula abutre
em pavonear a morte
e a dor dos que choram.
Então, o repórter urubu
acusa os parentes do morto (ao vivo)
de censurar o trabalho da imprensa,
a liberdade sagrada de expor
sem pudor
o horror da morte
e o desespero da dor.
acusa os parentes do morto (ao vivo)
de censurar o trabalho da imprensa,
a liberdade sagrada de expor
sem pudor
o horror da morte
e o desespero da dor.
E qualquer reação física
dos parentes em choque
(avisa o tele-abutre)
pode render um BO,
processos, tribunais…
dos parentes em choque
(avisa o tele-abutre)
pode render um BO,
processos, tribunais…
(Nas entrelinhas: engula
seu desespero e sua dor
e não enfrente o poder
da mídia e a da grana)
seu desespero e sua dor
e não enfrente o poder
da mídia e a da grana)
O repórter urubu se esbalda
nas necrofestas do asfalto:
bebe sangue, come corpos
e caga ouro.
nas necrofestas do asfalto:
bebe sangue, come corpos
e caga ouro.
O repórter urubu
é verdadeiro alquimista
do século XXI.
é verdadeiro alquimista
do século XXI.
Fonte:
Jornal GGN
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