sábado, 18 de abril de 2020

PANDEMIA DEVE SEGUIR CONDUZIDA POR ESTADOS, CONGRESSO E STF, DIZEM ANALISTAS





O presidente Jair Bolsonaro fez valer o peso de sua caneta, como havia ameaçado, e demitiu nesta quinta-feira (16/04) Luiz Henrique Mandetta do cargo de ministro da Saúde, após um mês de embates sobre a melhor estratégia para o enfrentamento da pandemia de coronavírus.

Para o lugar dele, foi escolhido o oncologista e empresário Nelson Luiz Sperle Teich, que foi consultor informal de Bolsonaro para área de saúde durante a eleição de 2018.

Embora Teich defenda, assim como Mandetta, a política de isolamento social para conter o contágio da doença, o novo ministro chega no governo comprometido com a missão estabelecida pelo presidente de “gradativamente” possibilitar a retomada de atividades econômicas paralisadas pela quarentena de parte da população.

“Existe um alinhamento completo aqui, entre mim e o presidente, e todo o grupo do ministério, e que realmente o que a gente está aqui fazendo é trabalhar para que a sociedade retome cada vez mais rápido uma vida normal”, disse em seu primeiro pronunciamento no comando da Saúde.

Para analistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil, no entanto, Bolsonaro hoje é um presidente enfraquecido e seu governo não terá forças para ditar uma mudança de rumo na condução da crise.

Eles notam que, embora a troca de ministro pareça uma tentativa do presidente demonstrar poder e retomar protagonismo, concretamente a decisão sobre a paralisação de diversas atividades econômicas está nas mãos dos governadores, com respaldo do Supremo Tribunal Federal (STF) e das principais lideranças do Congresso Nacional.

Bolsonaro chegou a editar uma medida provisória (MP) lhe dando poderes para determinar quais seriam as atividades essenciais que não poderiam ser paralisadas por determinação de governadores e prefeitos, inclusive tentando liberar o funcionamento de casas lotéricas e igrejas em todo o país. No entanto, o STF declarou, na quinta-feira (17), inconstitucionais trechos dessa MP, garantindo aos governadores e prefeitos o poder de estabelecer regras de isolamento, fechamento do comércio e restrição de trânsito em rodovias.

“Permanece um cenário em que o presidente tem pouca capacidade de influenciar a política pública e coordenar os atores políticos”, nota o cientista político Rafael Cortez, da Tendências Consultoria.

“Quando o Supremo reconhece a autonomia dos Estados no desenho de políticas públicas de combate à covid-19, ele limita o potencial de mudança que venha a partir da substituição no Ministério da Saúde”, reforça.

O próprio presidente parece reconhecer seu poder limitado de influência ao se queixar mais uma vez de não ter sido ouvido por governadores e prefeitos antes de suas decisões. “Em nenhum momento eu fui consultado por medidas adotadas por grande parte dos governadores e prefeitos. Tenho certeza, eles sabiam o que estavam fazendo”, criticou, ao anunciar o novo ministro.

‘Troca tem custo alto para o país e o presidente’

Com o ‘peso da caneta’, Bolsonaro demitiu Luiz Henrique Mandetta e nomeou Nelson Teich para o Ministério da Saúde nesta quinta-feira (16).

Para a cientista política Maria Hermínia Tavares, professora aposentada da USP e pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, a mudança de comando no Ministério da Saúde no meio da pandemia terá um “custo alto” para o país no enfrentamento da doença. Ele ressalta que atuação de Mandetta tinha 76% de aprovação popular, segundo pesquisa do início de abril do Instituto Datafolha, o que sinaliza que sua demissão também terá “custo político” para Bolsonaro.

A mesma pesquisa apontou aumento do índice de reprovação do presidente, de 33% para 39%, enquanto o percentual de brasileiros que avaliam seu trabalho como ótimo ou bom oscilou de 35% para 33%.

Tavares também vê Bolsonaro enfraquecido nesse momento de crise. “Nós vivemos num sistema presidencialistas que não tem presidente. Ele não é capaz de coordenar sua equipe ministerial, não é capaz de conversar com outros Poderes, num momento em que a coordenação, a união nacional, seria importante”, crítica.

“Ele se ocupa de atividades de menor importância: tirar selfie com apoiadores na porta do Palácio do Alvorada, alimentar a minoria que o apoia no Twitter. Bolsonaro não exerce a Presidência em nenhum sentido significativo da palavra”, disse ainda.

Em demostração de alinhamento no contraponto a Bolsonaro, os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, divulgaram nota conjunta criticando a demissão de Mandetta.

“A maioria das brasileiras e dos brasileiros espera que o presidente Jair Bolsonaro não tenha demitido Mandetta com o intuito de insistir numa postura que prejudica a necessidade do distanciamento social e estimula um falso conflito entre saúde e economia”, disseram no comunicado.

“O Congresso Nacional espera que o novo ministro, Nelson Teich, dê continuidade ao bom trabalho que vinha sendo desempenhado pelo Ministério da Saúde, agindo de forma vigorosa, de acordo com as melhores técnicas científicas. A vida e a saúde dos brasileiros devem ser sempre nossa maior prioridade”, cobraram também.

Direito de imagemMARCOS BRANDÃO/AGÊNCIA SENADOImage captionOs presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre, divulgaram nota conjunta criticando a demissão de Mandetta

Analistas não vêem risco de impeachment

Apesar da fraqueza do presidente, os analistas ouvidos pela reportagem não acreditam que a demissão de Mandetta possa ser um gatilho para que o Congresso inicie um processo de impeachment.

“Não há condições políticas mínimas para se pensar em impeachment hoje. Todo mundo está empenhado na guerra contra o coronavírus. Não tem como começar um processo político que leva meses e corre o risco de paralisar o país. Se em momentos normais já é complicado, imagina agora”, acredita Antonio Lavareda, professor de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

A avaliação é a mesma de Hermínia Tavares e Rafael Cortez. O analista da Tendências, porém, acredita que a troca de ministro eleva o risco de Bolsonaro enfrentar um processo de impeachment mais à frente, caso essa mudança venha acompanhada de uma piora da situação de pandemia.

Nos últimos dias, o país registrou casos crescentes de contaminação e mortes provocadas pela covid-19. Até quinta-feira, o Ministério da Saúde contabilizava 30.425 pessoas contaminadas pelo coronavírus e 1.924 vítimas fatais. Epidemiologistas, no entanto, acreditam que o quadro é ainda pior que os números oficiais já que a falta de testes está provocando subnotificação.

Para Cortez, mesmo no cenário menos provável hoje de a pandemia regredir sensivelmente após a troca de ministros, o contexto político pós-coronavírus tende a ser negativo para Bolsonaro. Na sua avaliação, esse novo cenário aumentou a importância da agenda de redução da desigualdade social e reduziu a relevância do antipetismo como motor político.

“A covid-19 tem um efeito político oposto ao da Operação Lava Jato”, acredita ele.
“Enquanto a Lava Jato abriu caminho para a eleição de um candidato de oposição ao sistema política tradicional, como Bolsonaro, a pandemia favorece o pacto político, a cooperação”, analisa ainda.

Mandetta desponta nacionalmente

Image captionAnalistas apontam que conduta de Mandetta à frente do ministério fortalece não só sua figura política como o seu partido, o DEM
Lavareda também vê a covid-19 como um marco importante para os rumos da política brasileira.

“Essa pandemia, pela gravidade, pela profundidade, é uma espécie de divisor de águas na história da nossa sociedade, da nossa economia, e também na história política”, afirma.

Nesse sentido, o professor da UFPE acredita que a boa avaliação de Mandetta na condução do Ministério da Saúde lhe dá força para futuras disputas eleitorais, sendo hoje o nome mais forte do DEM, seu partido, para disputar a eleição presidencial de 2022.

“É muito difícil que essa aprovação não se traduza, ao menos em parte, em apoio eleitoral. Ainda que o capital político não se mantenha na mesma proporção de hoje, já que ele vai se afastar do cenário principal do Ministério da Saúde, com certeza ele será um nome eleitoralmente forte para quaisquer disputas nas próximas eleições”, afirma.

Para Rafael Cortez, ainda é cedo para chamar o ex-ministro de presidenciável. Mas ele acredita que a ascensão de Mandetta deixa o DEM mais forte nas negociações para alianças eleitorais em 2022. Antes de ser ministro, seu cargo mais alto foi o de deputado federal pelo Mato Grosso do Sul.

“Ele deixa agora de ter um cargo público e isso vai reduzindo sua exposição. Acredito que terá mais força para disputar o cargo de governador no seu Estado”, disse.

Fonte: Jornal GGN

BRASIL REGISTRA 217 MORTES POR CORONAVÍRUS NAS ÚLTIMAS 24 HORAS




O Brasil registrou o maior número de mortes por coronavírus nos últimos 24 horas: 217 casos, o que representa um aumento de 11,2% em relação ao dia anterior. Agora, o país registra 2.141 óbitos, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde.

Os dados oficiais mostram que o país também bateu recorde de notificações de casos confirmados de coronavírus: foram 3.257 casos registrados nas últimas 24 horas, chegando a 33.682 registros em todo o Brasil. A taxa de letalidade está em 6,4%.
Segundo os dados divulgados, o Sudeste é a região mais afetada pelo vírus, com 56,6% dos casos, seguida pelo Nordeste (22.2%), Norte (9,4%), Sul (7,7%) e Centro-Oeste (4,1%).

São Paulo segue como o Estado com maior número de casos e de mortes decorrentes da doença, com 12.841 pessoas infectadas e 928 óbitos. O Rio de Janeiro aparece em segundo lugar, com 4.349 casos confirmados e 341 mortes, seguido pelo Ceará (2.684 casos confirmados e 149 mortes), Pernambuco (2.006 casos e 186 mortes registradas), e Amazonas (1.809 casos e 145 mortes).

Fonte: Jornal GGN

COM OCUPAÇÃO DE 95% NAS UTIS PÚBLICAS, PERNAMBUCO CONTRATA LEITOS EM HOSPITAIS PARTICULARES




Em Pernambuco, 95% das vagas nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos hospitais públicos estão ocupadas devido à pandemia do novo coronavírus. Nesta sexta-feira (17), o secretário estadual de Saúde, André Longo, afirmou que, diante de um iminente colapso do sistema público de saúde, o governo tem firmado contratos para atender pacientes em hospitais privados.

Até esta sexta-feira (17), Pernambuco contabilizou 2.006 casos confirmados, sendo 774 profissionais de saúde, e 186 mortes. O estado conta com 571 leitos dedicados aos pacientes com Covid-19. Ainda segundo André Longo, 269 leitos dedicados exclusivamente à Covid-19 são de UTI e outros 302, de enfermaria.

A taxa de ocupação geral no estado é de 86%, sendo 95% para os leitos de terapia intensiva e 77% para os de enfermaria. “Temos trabalhado todos os dias para ampliar esses leitos. No entanto, precisamos lembrar que essa é uma batalha de todos e temos procurado com afinco fazer a nossa parte, mas a sociedade precisa adotar medidas de isolamento e distanciamento social. Isso é fundamental para que possamos conter a velocidade do crescimento da epidemia”, disse André Longo.

As informações foram repassadas em coletiva de imprensa transmitida pela internet, da qual também participou o secretário de Saúde do Recife, Jaílson Correia. Ele, por sua vez, disse que a ultrapassagem de mil casos confirmados no Recife demonstra a gravidade da pandemia.

“Temos 1.136 casos na nossa cidade, com 85 óbitos, famílias que perderam entes queridos, pessoas amadas. Essa pandemia é o maior desafio da nossa era. Temos, atualmente, em operação, 59 leitos de UTI e 215 de enfermaria [na capital]. Novos leitos são ofertados a cada dia e o Hospital Provisório Recife 1 já inicia sua operação com pacientes entubados e na UTI, já contribuindo para salvar vidas”, afirmou Jaílson.

Contratos com a rede privada

Segundo o secretário André Longo, a rede privada de saúde em Pernambuco tem sido bastante solícita na contratualização com o governo e a Secretaria Estadual de Saúde trabalha em um sistema que centralize informações sobre leitos ociosos na rede privada e as necessidades do sistema público.

“Fizemos uma série de reuniões e tivemos sucesso na contratualização de leitos de hospitais até que nunca prestaram serviço ao SUS estadual, como o Hospital Português, o São Marcos, o Albert Sabin e o Santa Joana, cada um com 10 leitos de UTI, além do [Centro de Educação Saúde Comunitário] do Prado e de Paulista. Há uma colaboração da rede privada com o SUS de Pernambuco”, afirmou Longo.

O secretário de Saúde de Pernambuco contou, ainda, que, na legislação do SUS federal e estadual, há dispositivos que permitem fazer a requisição de profissionais, leitos, equipamentos e insumos necessários à prestação de serviço no sistema público de saúde, e tudo isso prevê pagamento posterior.

“Em algum determinado momento, poderemos utilizar da capacidade ociosa [da rede privada], mas sempre feito num padrão respeitoso, entre o setor público e privado, porque, desde sempre, ele tem sido parceiro do SUS em Pernambuco”, declarou.

Ampliação de leitos na rede pública

Na capital pernambucana, o governo do estado tem optado por montar hospitais provisórios em locais que já funcionavam como unidades de saúde e, portanto, demandavam menores adaptações logísticas. Entretanto, no interior, segundo Longo, hospitais de campanha podem ser instalados.

“No interior, estamos pensando em estruturas provisórias, com clubes, mas na capital, num primeiro momento, optamos por estruturas que já estavam prontas, ou abandonadas, porque era muito mais fácil abordar. Em Olinda, vamos implementar uma estrutura complementar à Maternidade Brites de Albuquerque [requisitada administrativamente pelo governo]”, disse André Longo.

Fonte: G1 Caruaru

FECHAMENTO DE COMÉRCIO, SERVIÇOS E OBRAS NÃO ESSENCIAIS EM PE É PRORROGADO DEVIDO AO CORONAVÍRUS




O governo de Pernambuco prorrogou, até o dia 30 de abril, o decreto que determina o fechamento do comércio e demais atividades consideradas não essenciais para conter a disseminação do novo coronavírus. A prorrogação da medida, que entrou em vigor em 22 de março, foi anunciada pelo governador Paulo Câmara (PSB) nesta sexta-feira (17), quando terminaria a validade do decreto.

"O vírus não está indo embora, está se espalhando. Ou se cria barreiras preventivas ou as mortes se multiplicarão. A proteção social também é fundamental. [...] Hoje, a maior liberdade é se livrar do vírus. Não minimize riscos. Ficar em casa é um ato de coragem e amor. O nosso índice de isolamento deve ser maior. Seja um agente de proteção. As medidas restritivas estão prorrogadas porque o primeiro compromisso é salvar vidas", afirmou o governador.

De acordo com o decreto, podem funcionar, entre outros, serviços relacionados à alimentação, como supermercados, padarias mercadinhos; casas de ração animal; farmácias e depósitos de água mineral e gás; além de hospitais e serviços de abastecimento de água, gás, energia e internet.

Também continuam abertas oficinas mecânicas, lojas de assistência técnicas, lojas de defensivo e insumos agrícolas, bancos e serviços financeiros, lavanderias, serviços urgentes de manutenção predial e prevenção de incêndio, atividades decorrentes de contratos de obras particulares que estejam relacionadas à situação de emergência e atividades prestadas por concessionários de serviços públicos.

Segundo o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, não deve haver relaxamento nas medidas de restrição enquanto a pandemia não tiver atingido o pico da curva epidêmica.

"Sair de casa, nesse momento, é uma atitude que vai pressionar de maneira muito forte o sistema de saúde, e nós pedimos para que as pessoas fiquem em casa. O comportamento refratário às medidas sanitárias pode ser determinante para termos aumento no número de mortes nos dias que virão", afirmou o secretário.

A medida, segundo o governo estadual, segue as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para incentivar o isolamento social e, assim, diminuir a contaminação pelo Sars-Cov-2, que causa a doença Covid-19.

Coronavírus em Pernambuco

Foram confirmados, nesta sexta (17), 323 novos casos de pacientes com a Covid-19 em Pernambuco. Este é o maior número diário de confirmações desde a chegada do novo coronavírus ao estado. Com isso, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) contabiliza 2.006 casos da doença.

Também houve confirmação laboratorial de 26 novos óbitos nesta sexta (17). Com esse acréscimo, o estado contabilizou 186 mortes de pessoas que estavam com a Covid-19.

Fonte: G1 Caruaru