Por
Roberto Almeida
Silvino Duarte, 71 anos, não saiu menor do que entrou
na campanha eleitoral deste ano.
Teve mais de 20 mil votos, enfrentando adversários
fortes, e ficou a menos de dois mil votos atrás do candidato que venceu a
disputa, o deputado Sivaldo Albino, seu ex-aliado, quando governou Garanhuns.
Há uma frase conhecida em política que diz: “A derrota
é órfã, mas a vitória tem muitos pais”.
Quase sempre isso é verdade.
A vitória de Sivaldo foi construída por muitos. Em
primeiro lugar por ele mesmo, por ter sido bom vereador e com pouco tempo como
deputado ter realizado um trabalho reconhecido pela população.
Depois, quando assumiu a candidatura à prefeitura, o
socialista já tinha construído uma aliança ampla, com participação do PT, PSD,
PDT, PC do B e Avante.
Teve um verdadeiro exército de candidatos à Câmara, que
foram fundamentais na divulgação de propostas, na propagação do discurso de
mudança e na desconstrução da imagem dos adversários.
Pedro Veloso, médico, um tanto tímido no começo,
terminou se integrando totalmente à campanha e como é um homem sério, de uma
linha ideológica firme, defensor das políticas sociais do Partido dos
Trabalhadores, terminou contribuindo bastante com essa vitória histórica do PSB
em Garanhuns.
O PT na vice trouxe Lula e Fernando Haddad para o
palanque eletrônico do rádio e das redes sociais.
Demorou um pouco, mas no fim o povo de Garanhuns
percebeu que Sivaldo tinha o apoio de Lula e do PT, enquanto o doutor e seu
principal apoiador, Izaías, estavam mais para Bolsonaro.
Os fatores nacionais terminaram pesando na eleição
municipal. A força da internet fez isso.
Mas as questões locais também importaram e muito. Do
lado governista, o prefeito cometeu muitos erros. Um deles foi cantar vitória
antes do tempo, afrontar a soberania popular e chegar a humilhar Sivaldo
Albino, que fez uma campanha ética, limpa, com poucos recursos, porém
compensando a pouca estrutura financeira com muita criatividade.
Na sua soberba o prefeito chegou ao ponto de escantear
o deputado federal Fernando Rodolfo, que teve mais de 10 mil votos no município
dois anos atrás.
A família do prefeito eleito foi fundamental na
campanha. Desde Jhony, que se elegeu vereador até a professora Sandra Albino,
atuante na área de educação e nas mídias sociais. Todos os seus irmãos, sua
esposa Lívia, o filho Kaio, estiveram juntos, unidos, dando força e assegurando
a tranquilidade necessária para que o candidato mantivesse o equilíbrio em
todos os momentos.
Silvino foi além de suas forças, foi vítima de fake
news, teve sua vida política devassada e entraram até na vida pessoal. Mas ele
não perdeu o bom senso em nenhum momento, mesmo quando inventaram que o
petebista estava muito doente, sem forças sequer para participar de um debate
de rádio.
Por sinal a ausência do doutor nos debates da Rádio
Jornal e Marano lhe foram fatais. Uma eleição em Garanhuns é diferente de uma eleição
nacional. Lula e Bolsonaro faltaram a debates na TV e isso só os ajudou. Aqui,
a estratégia de Silvino em fugir ao confronto teve forte influência, ele perdeu
muitos votos, sobretudo entre os jovens.
O vice do PTB na campanha, Haroldo Vicente, foi quase
invisível. Não contribuiu com absolutamente nada. Não acrescentou um voto ao
cabeça de chapa. O contrário de Pedro Veloso e Audálio Ramos, que ajudaram
bastante Sivaldo e Zaqueu.
Silvino realmente esteve na frente das pesquisas.
Chegou a ter 16 pontos de vantagem. Mas começou a derreter quando não foi a
Rádio Jornal, quando confiou demais na máquina e principalmente ao achar que a
eleição estava liquidada.
Não expôs de forma exacerbada o favoritismo, como
Izaías, mas deixou se contaminar pelo "já ganhou". Em política e
futebol acontecem coisas impossíveis.
Tivemos ainda a forte denúncia contra o prefeito no
Ministério Público, feita por um ex-funcionário seu. Foi divulgada por Gidi
Santos, por nós e viralizou na internet. Uma coisa terrível,
envolvendo toda família do gestor, que não foi fabricada pelos adversários e
sim levada às autoridades por uma pessoa que trabalhou com Izaías Régis mais de
20 anos.
No rádio e nas redes sociais, a equipe comandada por
Ronaldo César fez um bom trabalho.
Ronaldo sacrificou sua própria campanha de vereador
para se entregar de corpo e alma ao projeto liderado por Sivaldo.
Marcos Cardoso, Vânia Costa e Igor Vilela, este último
nas ruas, sentindo a pulsação das massas, foram peças importantes na batalha
pela conquista de corações e mentes.
Sivaldo teve ao seu lado, ainda, dois ex-prefeitos, Ivo
Amaral e Bartolomeu Quidute, que deram tudo de si pela vitória do PSB.
E ainda teve Rosa Quidute e Márcio Quirino, dois
ex-vice-prefeitos, emprestando seus nomes respeitados ao candidato da mudança.
Todos esses citados se mobilizaram conversaram com os
amigos, enviaram mensagens via WhatsApp, fizeram corpo a corpo e contribuíram
com a virada que muitos julgaram impossível.
Embora não tenha assumido posições partidárias, o
radialista Gláucio Costa foi outro personagem importante por abrir espaço, no
seu programa de grande audiência, para o contraditório, mostrando deslizes
praticados pelos agentes públicos do município.
Num jogo de paciência, Sivaldo Albino formou o time
forte que o levou à vitória. Conseguiu que três candidatos à prefeitura -
Luizinho Roldão, Pedro Veloso e Givaldo Calado - desistissem do seus
projetos para fortalecer o projeto de mudança.
Se a derrota é órfã, em Garanhuns ela pertence a
Izaías. Ele precisa assumir o ônus dessa reviravolta. Tinha recebido um recado
da população em 2018, na eleição de deputado e presidente, não fez autocrítica
e ao cometer os mesmos erros naufragou e levou Silvino com ele.
Se a vitória tem muitos pais são esses que foram
citados, personagens que fizeram história e que, aliados a mais de 22 mil
eleitores promoveram a mudança que a cidade ansiava.
Três eleições são emblemáticas no município: a de
Amílcar nos anos 60, a de Bartolomeu em 1992 e esta de Sivaldo neste dia 15 de
novembro.
O novo prefeito tem tudo para fazer uma grande gestão.
Com apoio do governador Paulo Câmara, dos deputados e senadores que o apoiaram,
graças ao seu poder de articulação no Recife e em Brasília, poderá tirar
Garanhuns da mesmice.
O recado foi claro: pavimentação de ruas não é
suficiente. A população quer mais.
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