terça-feira, 14 de abril de 2020

PE TEM 377 PROFISSIONAIS DE SAÚDE COM CORONAVÍRUS, PRORROGA FECHAMENTO DE PRAIAS E PARQUES E ANUNCIA TESTAGEM DE DETENTOS




Pernambuco registrou, até esta segunda-feira (13), 377 confirmações de profissionais de saúde com o novo coronavírus, o que equivale a 33,6% dos 1.154 casos registrados no estado, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. O governo também anunciou outra prorrogação, desta vez até o dia 20 de abril, do decreto que proíbe o acesso a praias e parques, além de confirmar o primeiro caso da doença Covid-19 entre detentos no estado.

"Até agora, temos 377 casos confirmados e 276 descartados de profissionais de saúde com a Covid-19. A testagem abrange profissionais de todas as unidades de saúde, das redes estadual e municipal, além de unidades privadas. Inclusive, fomos o primeiro estado do país a criar procedimento de testagem e afastamento desses profissionais", declarou André Longo, secretário estadual de Saúde.

Ainda segundo o secretário, não há falta de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde nem insumos para a testagem dessa categoria. Ele disse que, diariamente, o estado testa entre 300 e 400 pessoas, por meio de o Laboratório Central e parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a contratação de um laboratório privado.

Durante a coletiva, foi detalhado o boletim que confirma mais 194 casos de pacientes com a Covid-19, totalizando 1.154. Também foram confirmadas 17 novas mortes, fazendo o número de óbitos subir para 102.

Para intensificar o isolamento social e reduzir ao máximo o impacto da pandemia, o governador Paulo Câmara (PSB) assinou um decreto prorrogando até o dia 20 de abril o fechamento dos parques públicos, praias e seus calçadões.

A medida está em vigor desde o dia 4 de abril. De acordo com o decreto assinado nesta segunda, permanece vedado ao público o acesso às praias e ao calçadão das avenidas situadas nas faixas de beira-mar e de beira-rio em Pernambuco, bem como aos parques públicos localizados no estado, para a prática de qualquer atividade.
Sistema prisional

O governo anunciou, ainda, a testagem de detentos com sintomas gripais. A primeira confirmação da Covid-19 no sistema prisional é de uma mulher presa na Colônia Penal Feminina do Recife (veja vídeo acima). Além dela, há 32 pessoas isoladas no Presídio Desembargador Augusto Duque (PDAD), em Pesqueira, no Agreste do estado.

"Essas pessoas são acompanhadas diariamente e são colocadas em local de isolamento quando há detecção de sintomas gripais. Houve quatro detentos transferidos para unidades hospitalares, com três exames negativos e uma reeducanda que teve resultado positivo para a doença. Ela tem histórico de anemia, que nem parecia gripal, e foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento. Foi transferida e, hoje, está internada no Hospital Getúlio Vargas [na Zona Oeste]. Ela evoluiu com tosse e febre e está estável, numa enfermaria de isolamento", disse André Longo.

Fonte: G1 Caruaru

COVID-19: CACHOEIRINHA- PE É UM EXEMPLO DE COMO NÃO AGIR




A pequena cidade do interior de Pernambuco, com apenas 20 mil habitantes, ostenta o indigesto título de município proporcionalmente com o maior número de casos de contaminação de Covid-19 no estado. Já são 8 casos confirmados e 30 suspeitos.

A negligência das autoridades municipais, que omitiram dados, e até o dia 12/04 não haviam tomado todas as medidas devidas para o isolamento da população, bem como a ausência de consciência de parte dos moradores em se proteger, gerou a preocupante situação atual.

Muitos temem uma tragédia anunciada, pois o município não conta com leitos de UTI, respiradores, nem qualquer estrutura para atender pacientes com o vírus.
Não foi formado um Comitê de Crise, houve demora em decretar estado de calamidade pública e até o momento não foi apresentado um plano de contingência para Covid-19, correndo o risco de não receber recursos do governo do estado para combater a pandemia.

A situação é alarmante e já preocupa a Secretaria Estadual de Saúde e o Ministério da Saúde.

Fonte: Jardim do Agreste

COMITÊ DE CRISE DISCUTE NOVAS ESTRATÉGIAS DE COMBATE AO CORONAVÍRUS NO AGRESTE




Foi realizada no sábado (11) em Garanhuns, no Agreste de Pernambuco a primeira reunião da Frente Operacional de Combate à Covid-19 no Agreste (Foco Agreste). Participaram do encontro 14 prefeitos e quatro deputados federais. A criação do comitê é voltada para levar as demandas dos prefeitos da região ao governador Paulo Câmara.

Na reunião foi proposta a instalação de um hospital de campanha em Garanhuns, com os custos compartilhados pelas 26 prefeituras do Agreste Meridional, para reforçar o atendimento aos pacientes com coronavírus. Também foi indicada a ampliação da UTI do Hospital Dom Moura, que atualmente possui apenas 16 respiradores.

O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de Pernambuco, Francisco Dirceu Barros, informou na reunião que cerca de 50 prefeituras ainda não elaboraram planos de contingência para a pandemia da Covid-19. Ele deu prazo de uma semana para que estas prefeituras tomem as providências.

A Foco Agreste tem por objetivos unificar as ações dos prefeitos da região, centralizar informações, tirar dúvidas sobre a doença e questões relacionadas ao auxílio emergencial, ajudando a combater as fake news. A próxima reunião será realizada na terça-feira (14), quando serão debatidos os efeitos econômicos da pandemia.

Fonte: G1 Caruaru

segunda-feira, 13 de abril de 2020

CORONAVÍRUS: JORNALISMO NO ÁLCOOL EM GEL SIMULA POLARIZAÇÃO MÍDIA X BOLSONARO, POR WILSON FERREIRA




Nesse momento o respeitável público acompanha uma suposta batalha épica entre a grande mídia (em particular a Globo) do lado do Iluminismo, da Ciência e da Informação; e do outro o obscurantismo negacionista de Bolsonaro. Telecatch para entreter as massas: se, como falam diariamente colunistas e analistas, o presidente é uma figura tão tóxica que incitaria as pessoas a relaxar o isolamento social, então por que destacam e repercutem as “saidinhas” de Bolsonaro por padarias e centros comerciais, enquanto jornalistas e cinegrafistas se aglomeram em torno dele? Desrespeitando as medidas sanitárias… Lição semiótica: não se pode negar transformando em imagem aquilo que é negado, é o triunfo icônico. Negar Bolsonaro ao mesmo tempo que o exibe e o promove é a complexa operação semiótica jornalística nesse momento. Grande mídia e Bolsonaro partilham da mesma visão de Economia, Estado e Sociedade. Por isso, acompanhamos uma polarização simulada fabricada por um jornalismo tão asséptico quanto álcool em gel – promove o isolamento social por um ponto de vista de classe média em espaçosas casas. Enquanto os pobres se apinham nas periferias, ressentido… E Bolsonaro está à espera deles.

O leitor desse Cinegnose deve se lembrar do chamado “Escândalo da Wikipédia” em 2014, em pleno auge da guerra híbrida com bombas semióticas explodindo quase que diariamente na grande mídia para criar escândalos que desestabilizassem o governo Dilma Rousseff. E cujo desenlace final foi o impeachment em 2016.

“Planalto altera o perfil de jornalistas com críticas e mentiras”, deu a bombástica manchete o jornal O Globo. As vítimas teriam sido seus colunistas Miriam Leitão e Carlos Sardenberg – seus perfis na Wikipédia teriam sido alterados, com críticas e acusações, a partir de um endereço IP da rede wi-fi do Palácio do Planalto – clique aqui.

Dilma em pessoa, ou alguns de seus “militantes”, teria perpetrado esse ato terrorista que atingiria a “liberdade de imprensa”. Mais uma prova da natureza totalitária dos governos do PT, comunistas ou de esquerda.

Uma verdadeira “não notícia” (a própria matéria ao final diluía a “bomba” da manchete – qualquer um poderia ter usado o wi-fi do Palácio) que foi tentada dar pernas para repercutir. De forma autofágica, a Globo ofereceu suas próprias estrelas do jornalismo em sacrifício, como homens-bomba, em prol de um objetivo maior – o impeachment.

Seis anos depois, deixamos o período da guerra híbrida através das bombas semióticas – afinal, o perigo do PT foi afastado e a agenda econômica neoliberal foi imposta. E, mais do que isso, a crise do COVID-19 abre uma nova janela totalitária: destruição ainda mais rápida do que resta das garantias sociais e conquistas trabalhistas, além do vislumbre de novas formas de controle das massas por meio, p. ex., do rastreamento de celulares.

Agora estamos imersos no cenário de guerra criptografada: camadas e mais camadas de informações contraditórias, criação exponencial de polarizações, telecatchs diários para hipnotizar corações e mentes – Bolsonaro X Braga Neto, Negacionistas X Ciência, Mandetta X Bolsonaro, Governadores contra Bolsonaro etc.

Se na guerra híbrida as bombas semióticas provocavam explosões pontuais que iam minando a estrutura do Governo, agora temos uma criptografia extensa, que cria uma interface de acontecimentos que sequestram a atenção do espectro político e das pessoas confinadas em suas telas dentro de casa. Enquanto, invisível, roda um Sistema Operacional (SO) com uma agenda bem definida: reengenharia social e liquidez do sistema financeiro com drenagem do dinheiro público.

O jornalismo no álcool em gel

Mas temos o papel decisivo do “Jornalismo no álcool em gel”, asséptico, que de um lado pretende glamourizar o isolamento social a partir de um ponto de vista de classe média; e do outro, criar mais um telecatch para o respeitável público: a Grande Mídia (representando a “Ciência”, a “Informação” e o “esclarecimento”, sempre do lado do ministro Henrique Mandetta) versus o obscurantismo do presidente Bolsonaro.

Assim como no episódio do “Escândalo da Wikipédia”, a grande imprensa sacrifica seus jornalistas como peões das suas épicas batalhas semióticas. Dessa vez, com uma articulação simbólica mais complexa: tem que criar a impressão de que está em meio a uma cruzada contra um presidente tosco e ignorante, usando as armas iluministas da Ciência e da Informação.

Por exemplo, nesse momento colunistas, como a analista econômica Miriam Leitão (reparem que nas lives da sua residência está sempre presente um microfone colocado em pedestal sobre a mesa, como falasse de um púlpito – simbolismo de que sua fala é a voz oficial da própria emissora?), acusam o afrouxamento espontâneo das medidas de isolamento social como responsabilidade de Bolsonaro – o estrago provocado pelas suas saídas insistentes, cercados por seguranças em Brasília, visitando farmácias, bares, padarias e pequenos centros comerciais. Enquanto cumprimenta a todos no corpo a corpo, estendendo as mãos, numa afronta às recomendações sanitárias.

O próprio capitão da reserva ironizou, enquanto ria à toa: “também os repórteres contrariam as normas ao segui-lo até a farmácia…”. Ironicamente, contrariando as normas de saúde, jornalistas também se aglomeram para registrar suas “saidinhas” e, igualmente, supostamente também desobedeceriam às normas sanitárias.

Ora, como dizem editoriais da grande mídia, se o Jornalismo é um serviço essencial que necessita passar informações às pessoas confinadas, ao lado da sociedade na batalha contra o novo coronavírus, por que destacar com fotos e imagens ele caminhando pelas ruas, dando as mãos para a população?

Se o exemplo de Bolsonaro é assim tão nefasto para as urgentes medidas sanitárias, por que então a grande mídia continua dando ibope para cada ato tresloucado presidencial? Por que não o jogam para a “Sibéria do esquecimento” (Brizola) como o fizeram com Lula e tantos outros desafetos? Por que continuam a dar visibilidade a uma figura supostamente tão tóxica?

Por que sacrificar repórteres diariamente, a cada manhã, no “cercadinho” em frente do Palácio da Alvorada no ritual de humilhação diante da claque de fãs do presidente?

A polarização simulada

Um dos poucos analistas à esquerda que estão observando essa manobra semiótica é o linguista Gustavo Conde:

Bolsonaro – perdão pela falta de educação – está rindo à toa. Ele desfila na nossa cara e ninguém irá impedi-lo, pelo contrário: os jornais e mídias ‘alternativas’ adoram destacar as fotos com ele caminhando pelas ruas de Brasília. Dá um ibope danado.

A fronteira entre divulgar o que ‘precisa’ ser divulgado e o oportunismo irresponsável de propagar o comportamento exótico de um presidente com problemas de sanidade e caráter, foi implodida pela falta de capacidade técnica do nosso jornalismo. (…)

Bolsonaro – desculpem o linguajar – conta com essa imprensa para perpetuar seu poder de influência sobre a população brasileira, inclusive a que o rejeita: a tensão entre presidente e imprensa faz com que o consumidor de informação tenha de optar entre um e outro.

É a verdadeira ‘polarização’, essa palavra que essa mesma imprensa, de maneira inocente (e burra), quer jogar no colo da esquerda. Em outros tempos, esse acirramento da polarização entre presidente e imprensa resultava em impeachment.

Por que Bolsonaro está rindo à toa, com a tranquilidade daqueles que sabem que são impunes? É como se ele dissesse a todos os repórteres que os cercam: “eu sei o que vocês fizeram no verão passado!”.

Ele sabe que está ali, no poder, como a resultante de um grande acordo nacional, “com o Supremo e com tudo”, um arco da aliança entre banca financeira, Casa Grande, classe média (a mesma que a gora bate panelas), Judiciário, Congresso e mídia corporativa.

Na sua preocupação com a assepsia política, chafurdada em álcool em gel, agora o jornalismo corporativo simula um telecatch com o presidente. Sugere que sua presença é tóxica, anticivilizatória, obscurantista e negacionista. Mas paradoxalmente quer negar mostrando aquilo que supostamente recusa, colocando diariamente no foco das câmeras.

 

Fonte: Jornal GGN