sábado, 11 de abril de 2020

SEM QUARENTENA, COLAPSO DOS HOSPITAIS PODE SER ANTECIPADO




O coronavírus mostrou-se em toda a sua potência de destruição na última semana, em sete dias o número de mortos e infectados se multiplicou. Há uma semana, o número de mortos foi de 356, e agora estão em 1.056, e as infecções saltaram de 9.056 para 19.638 no mesmo período.

E isso vai refletir diretamente nos hospitais e em sua capacidade de atendimento. Uma receita para o colapso. Em São Paulo, o sistema de saúde pode colapsar em dez dias caso a população não respeito as políticas de isolamento social. De início, 69% da população aderiu ao isolamento decretado pelo governo estadual, mas o engajamento diminuiu para 47%. Com isso, a curva de novos casos, que vinha achatando, está aumentando.

Com 12.546 leitos de UTI, entre público e privado, no estado de São Paulo, e uma ocupação atual de 50%, o risco vem se aproximando com um ritmo de aumento de 20% por dia.

O Rio de Janeiro enfrenta o mesmo problema com o avanço dos casos e o temor de que a rede de saúde não dê conta caso o isolamento não ocorra e a infecção se espalhe.
O colapso do sistema de saúde foi antecipado por Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde, em março, quando afirmou que a rede hospitalar poderia ter dificuldades para atender a população no final de abril. E o colapso é quando não adianta ter plano, ou ordem judicial ou dinheiro, simplesmente não há um sistema para você entrar.

Em Fortaleza, capital do Ceará, já há ocupação de 85% de leitos públicos de UTI, e o governo estadual calcula que o pico da contaminação ocorrerá entre 25 e 27 de abril, quando deve-se alcançar a marca de 3 mil casos positivos de doença.

Em Manaus a situação é mais grave, com 95% dos leitos ocupados na semana passada. Especialistas já consideram que o sistema já entrou em colapso, só falta a confirmação do governo estadual. A previsão é que o pico ocorra ainda esta semana. As campanhas foram reforçadas, mas não terão efeito imediato.

“Só 10% dos municípios do Brasil têm leito de UTI. Metade dos cerca de 6 mil hospitais do país conta com menos de 36 leitos, uma capacidade muito baixa. Não têm respirador, desfibrilador, tomógrafo… E a Covid-19 precisa de uma estrutura de cuidados para pacientes graves”, alerta Margareth Portela, pesquisadora da Fiocruz.

Com informações de O Globo.

SERTÂNIA CONFIRMA PRIMEIRO CASO DO NOVO CORONAVÍRUS




O Governo Municipal de Sertânia divulgou na manhã desta sexta-feira (10), o primeiro caso confirmado do novo coronavírus no município. De acordo com a Secretaria de Saúde, trata-se de uma mulher de 60 anos que veio a óbito na última segunda-feira (6).

No domingo (5), a senhora deu entrada no Hospital Maria Alice Gomes Lafayette apresentando sintomas sugestivos para a Covid-19. Após a realização da classificação de risco, a paciente foi transferida para o Hospital Regional Ruy de Barros Correia, em Arcoverde, onde morreu.

A senhora foi submetida ao teste para diagnóstico do novo coronavírus e o resultado que saiu nesta sexta-feira (10) confirmou a infecção por Covid-19. Ela tinha histórico de cardiopatia, hipertensão e diabetes. A Vigilância Epidemiológica da cidade está monitorando as pessoas que tiveram contato mais próximo com a paciente e a família dela está em isolamento domiciliar.

Fonte: G1 Caruaru

BOM CONSELHO CONFIRMA PRIMEIRO CASO DE CORONAVÍRUS



O prefeito do Município de Bom Conselho, no Agreste de Pernambuco, confirmou na tarde desta sexta-feira (10), o primeiro caso de uma pessoa residente na cidade com o Covid-19. Ele informou que existe um óbito em investigação. Esta pessoa que faleceu é uma mulher que tinha comorbidades e passou a sentir sintomas do novo Coronavírus e não resistiu. Ainda segundo o gestor, foram coletadas amostras desta paciente e encaminhadas para análise no Lacen no Recife.

Agora a cidade de Bom Conselho contabiliza 01 (um) caso confirmado, 19 (dezenove) descartados, 2 (dois) suspeitos, 59 (cinquenta e nove) em monitoramento e 1 (um) óbito em investigação. O Município entrou na relação dos que até o presente momento tem casos confirmados da Covid-19 em Pernambuco. Danilo Godoy enfatizou ainda a necessidade de toda a população permanecer em regime de quarentena e observar rigorosamente as determinações das autoridade de saúde para que a doença não se espalhe.

Fonte: Blog do Ronaldo Birunda

sexta-feira, 10 de abril de 2020

OS CRIMES DE BOLSONARO, POR VILMA AGUIAR




Começou com a falta de consideração pela chamada liturgia do cargo, o cidadão se comportando como se fosse um ninguém, que pudesse fazer e dizer o que lhe vem à cabeça, ignorando, inclusive, as boas maneiras e a verdade mais comezinha, aquela que pode ser verificada com três minutos de pesquisa. Como à sua cabeça não vem nada que não seja do repertório da morte e da escatologia, usou e abusou dos cocôs, das arminhas, da mentira deslavada. Mas lhe aplaudem. É um sujeito autêntico. Grosso, mas cansados de políticos engomados, com seus discursos prontos, lhe perdoam.

Depois veio o ataque às instituições. O STF casuístico e corrupto, o Congresso prevaricador e corrupto, a imprensa mentirosa e vendida aos interesses dos comunistas. As hienas da nação, ávidas pelo sangue dos justos que lutam por um Brasil acima de tudo. As instituições reagiram, via de regra, mansamente. É grave, mas veja bem, o presidente tem seus arroubos. Fala da boca pra fora. Não quis dizer bem isso. 

Convocou a nação contra as instituições, bom, sim, mas não. Não era contra as instituições, era a favor do Brasil. E lhe são complacentes.

Em meio a isso, alguns começamos a contar seus crimes. Crimes de responsabilidade e alguns comuns, enquadrados no Código de Processo Penal. Há listas que contam dez ou doze. Eles vão se amontoando, a cada dia. Mas somos benignos, gostamos de dar uma segunda chance. Uma décima quinta chance talvez. Além disso, não podemos banalizar o instrumento do impedimento. Na última vez que foi usado, vamos dizer que deu ruim. Os resultados não foram bem o que pretendíamos. Sejamos prudentes.

Mas, como se sabe, um criminoso impune segue cometendo crimes. Provavelmente cada vez mais graves. É o caso. Ele passou do patamar de atacar instituições para o de trucidar pessoas. Para ele, alguns brasileiros a menos não faz diferença. Um empresário amigo chegou a chutar um número. Seis ou sete mil, nada de mais. Pior seria um Madero a menos, uma Havan a menos. Afinal aqueles serão, em sua maioria, velhos e estes morrem de qualquer forma (além de já inúteis, diga-se de passagem). Que ele também seja um velho pelo seu próprio critério, é um detalhe. Narciso acha feio o que não é espelho, já disse Caetano.

O criminoso, logo descobrimos, é um homicida, sua sanha pela morte é profunda. A dos velhos apenas não o satisfaz. Tem gente demais aí nas periferias e nas favelas. Como os velhos, esses também vão morrer mais cedo ou mais tarde. De tiro da polícia, de dengue, de falta de remédio, de qualquer coisa. Inclusive não é raro que se matem entre si por nada. Por uma briga no bar ou uma encarada que fulano não gostou. 

Morrem. Vivem para morrer. Então, é preciso convocá-los para trabalhar e consumir seu parco dinheiro na roda da economia. Ao fim e ao cabo é sua única serventia no mundo. Que se matem no trabalho e pelo trabalho. De onde saírem os mortos futuros haverá outros prontos a tomar seus postos.

Podia já ser muito, mas não para o presidente, a locomotiva homicida. Precisa ainda vestir o jaleco do charlatão e prescrever remédios como se douto fosse. Tossiu, querida, olha aqui a cloroquina, a exterminadora do Covid-19. Se é ou não a doença, veremos depois. Se no meio do caminho “terapêutico” tiver um infarto e uma falência do fígado, bom, melhor que entre naquela outra estatística lá, na minha só tem cura.

Vestindo o manto do messias, o presidente não cansa de convocar as pessoas para correrem risco de morte com a promessa de que tem o remédio, o milagre, o segredo que italianos, espanhóis, franceses, americanos desconhecem. Afinal, ele ora e jejua.

O pior de tudo é que, se ele fosse louco, haveria um atenuante. Não é. Ele age de acordo de um ignóbil cálculo político, mesmo que isso custe a vida dos que atenderem a seu chamado. Qual cálculo? O mesmo de sempre. Ideologizar tudo. Dividir para conquistar. E também, nunca podemos esquecer, não se responsabilizar por nada. Ele é safo. Quando morrerem milhares, será porque seu remédio não foi usado como deveria. Quando a economia quebrar, a culpa será dos que ficaram contra ele e impuseram a quarentena. Entre ser um genocida e parecer ter razão, ele escolhe a segunda sem um momento de hesitação.

Os danos causados por Bolsonaro a este país são imensos, são profundos e o conjunto de suas consequências só será conhecido a longo prazo. Mas a herança mais danosa já é possível entrever. É a de tornar a desigualdade algo que não precisa ser combatido, mas antes, reforçado. É tornar a ideia de que a vida de alguns vale menos que a de outros, tão presente mas também tão envergonhada que não era dita, arroz de festa em discursos oficiais. Ele nunca convocou banqueiros, industriais, executivos, advogados e arquitetos de renome para trabalhar. Os ricos façam o que quiserem de seu tempo. 

Ele convoca o vendedor ambulante, a empregada doméstica, o balconista, o motorista do Uber, o entregador do aplicativo, o operário, o cozinheiro e o garçom. Os substituíveis. Os descartáveis. Os que não serão lembrados porque talvez nem endereço tenham.

Num país divido desde que o primeiro escravizado pôs seus pés aqui, Bolsonaro, na Presidência da República, o lugar simbólico do congraçamento de todos e todas numa igualdade pelo menos imaginária e por isso sempre buscada, destrói esse símbolo e diz em cadeia nacional que a vida de alguns não vale a empresa de outros, que o emprego, aquele mesmo que ele se empenhou em degradar, ainda assim vale mais que a segurança do cidadão precarizado. Diz para não buscarmos direitos, basta colocar feijão na mesa. Mesmo que este acabe apodrecendo sobre ela porque cadáveres não comem.

Ele será o responsável pela morte de milhares. Pela doença e pelos escombros do que destruiu, concreta e metaforicamente. Bolsonaro extermina vidas, sonhos e o nosso futuro. Para ele, renúncia, impeachment é pouco. Muito pouco. Precisamos vê-lo no banco dos réus. Precisamos vê-lo punido por seus crimes hediondos.

Vilma Aguiar é socióloga. Escreve sobre política e feminismo. Nestes tempos de confinamento, está escrevendo O livro da quarentena https://www.instagram.com/aguiar_vilma/?hl=pt-br

Fonte: Jornal GGN