Economistas e
analistas políticos têm enorme dificuldade em analisar realidades dinâmicas.
Isto é, sujeitas a episódios de corte, que alteram completamente a linha
histórica. Eles preferem a tranquilidade das análises lineares, pelas quais
consegue-se montar cenários de futuro analisando as séries estatísticas, e
chegando a conclusões erradas, especialmente em momentos de ruptura.
Tem-se dois
movimentos de ruptura em andamento> as disputas em torno das cotações do
petróleo e o coronavirus, mudando a história do mundo. Ante ameaça tão grave,
caem dogmas econômicos, frescurites políticas, blefes administrativos.
Na França, o
presidente Emmanuel Macron entendeu os novos tempos, suspendeu as negociações
sobre a reforma da previdência e conclamou à União nacional. Consagrou-se.
Nos Estados Unidos,
Donaldo Trump minimizou inicialmente o problema, deixou a política de saúde tão
solta que seu próprio genro assumiu a frente de combate – e cometeu inúmeras
cabeçadas. Nos EUA, a coronavirus trará luzes novas sobre a questão da
universalização da saúde e sobre as próprias eleições presidenciais.
No Brasil, graças à
suprema imbecilidade de Jair Bolsonaro, aumentou-se a aposta, e Jair resolveu enfrentar
o demônio de frente. Minimizou a gripe, seus profetas espalharam que era mera
conspiração chinesa, o reverendo Edir Macedo garantiu que apenas os fracos
sucumbiriam e montaram-=se aglomerações em várias cidades, dando bananas para a
coronavirus e para a democracia.
Daqui para frente,
haverá os seguintes pontos:
1
-
De
acordo com todas as previsões de cientistas, e de acordo com a experiência em
curso na Itália e outros países, em abril haverá o pico da epidemia.
2
-
A
imprudência de Bolsonaro tornou seus seguidores alvos preferenciais da doença.
Nas próximas semanas, a imprensa se regalará mostrando diariamente pessoas
contaminadas que participaram das manifestações. Cada morrte será cobrada de
Bolsonaro.
Mas não apenas
isso. Nos últimos anos houve uma redução irresponsável das verbas para o
Sistema Único de Saúde, da cobertura da Bolsa Família. Os ambulatórios do SUS
estarão lotados, sem conseguir atender a demanda.
Haverá pânico
especialmente na periferia, gerando um coringavirus, explosões de raiva de quem
foi deixado ao relento esses anos todos e, agora, enfrenta a mais dura batalha
sanitária do país sem ao menor ter a garantia de um emprego formal – destruído
pelas últimas reformas.
Qual será a
resultante? O terraplanismo de Bolsonaro conseguirá montar um exército de
zumbis acreditando no biocote chinês, no vírus esquerdista e promovendo saques
e violência? Ou cairá a ficha de todos sobre o que significa para o país a
manutenção, no poder, de pessoal tão desqualificado como os Bolsonaro?
Bolsonaro não provocou
apenas a coronavirus, mas o Congresso e o Supremo. Qual será a reação das
augustas casas? Continuarão intimidades, ou se darão conta de que cada dia de
vida desse governo significa a condenação à morte de milhares de brasileiros e,
a médio prazo, a condenação da própria democracia brasileira?
O maior desafio da
história do Brasil se aproxima, com a população acuada, quase em pânico,
escolas fechadas, restaurantes vazios, uma enorme multidão de órfãos de Estado
jogados ao leu, e empresas condenadas.
Fonte: Jornal GGN