quinta-feira, 4 de junho de 2020

CORONAVÍRUS: NOVO RECORDE NO BRASIL COM MAIS DE 1.300 MORTES EM 24H




Mais um dia de triste recorde no Brasil: em 24 horas 1.349 pessoas perderam a vida para o coronavírus Covid-19, e mais 28.633 novos casos de infecção foram registrados. Com isso, o país carrega 32.548 mortos e 584.016 casos confirmados no total. Os dados são do Ministério da Saúde e foram divulgados ontem, dia 3, às 22h.  Normalmente os dados são atualizados às 19h, mas agora atrasam cada vez mais.

O último recorde foi divulgado na terça, dia 2, com 1.262 novos óbitos e, neste dia, o país ultrapassou a triste marca dos 30 mil mortos desde o início da contagem da pandemia. Este é o segundo dia consecutivo de recorde tétrico.

O Ministério da Saúde não deu entrevista ontem, com a equipe técnica para apresentar o perfil epidemiológico da Covid-19, adiando para hoje, dia 4. Desde que o ministro interino general Eduardo Pazuello assumiu, o Ministério tem atrasado ou se omitido em dar explicações.

As coletivas, antes diárias, agora acontecem em dias alternados e sem análise dos números apresentados. Além disso, a pasta fica festejando os recuperados em detrimento do total de mortes.

Neste último boletim, sabe-se apenas que das mortes confirmadas nesta quarta, 408 ocorreram nos últimos três dias e o restante em dias anteriores, sem distribuição por data.

O boletim do Ministério da Saúde aponta que o país soma 4.115 óbitos em investigação.

Fonte: Jornal GGN

MUNICÍPIOS NÃO PODEM DESCUMPRIR NORMAS FEDERAIS E ESTADUAIS DESTINADAS A EVITAR A PROPAGAÇÃO DA COVID-19




O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio do Gabinete de Acompanhamento da Pandemia do novo coronavírus, emitiu nesta quarta-feira, 3, a Recomendação PGJ n.º 28/2020, que fala sobre a competência legislativa suplementar dos municípios de tornar mais restritivas as medidas concebidas pela União e pelo Estado de Pernambuco. A medida assinada pelo procurador-geral de Justiça, Francisco Dirceu Barros, alerta os gestores municipais de que é possível restringir ainda mais as medidas preconizadas, mas não é possível relaxá-las.

Segundo a Recomendação, o PGJ orienta que os membros do MP pernambucano adotem as medidas necessárias para fazer cumprir as normas sanitárias federal e estadual, notadamente as medidas de isolamento social já impostas pelo Estado de Pernambuco. Com o objetivo, principal de fazer prevalecer as normas emanadas de caráter federal e estadual. Segundo o texto da Recomendação os gestores municipais podem suplementá-las de forma a intensificar o nível de proteção à população sendo indevida qualquer redução de patamar de cuidado.

“São conhecidas as reiteradas tentativas de contenção da pandemia da Covid-19 realizadas. Ainda assim, tem chegado ao conhecimento deste órgão que alguns prefeitos promovem movimentos de flexibilização, ou até mesmo de descumprimento, das normas restritivas emanadas das autoridades sanitárias no âmbito federal e estadual”, disse o procurador-geral de Justiça, Francisco Dirceu Barros.

Ainda segundo ele o MPPE já emitiu, anteriormente, a Recomendação PGJ n.º 16/2020,  dispondo sobre a impossibilidade dos prefeitos municipais determinarem a reabertura do comércio local e outros atos administrativos que contrariem a Lei Federal n.º 13.979/2020 e, por consequência, os decretos Federal n.º 10.282/2020 e Estadual n.º 48.809/2020 e suas alterações.

Caso as representações sejam instaurados, os membros do MPPE devem encaminhar o conteúdo à Procuradoria-Geral de Justiça com cópia do ato normativo que descumpre as legislações federal e estadual sobre o tema e da notificação devidamente assinada pelo Prefeito Municipal para o ajuizamento de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), bem como ajuizamento de outras ações cíveis e criminais com escopo de defender a harmonia da ordem jurídica.

“A adoção de qualquer medida legislativa pelos Municípios que se afaste das diretrizes estabelecidas pela União e pelo Estado de Pernambuco configura violação ao pacto federativo e à divisão espacial do poder instrumentalizada na partilha constitucional de competências, colocando em risco os direitos fundamentais à saúde e à vida, sobretudo pela sobrecarga e colapso do sistema de saúde, em razão do descontrole na disseminação viral”, reforçou o procurador no texto da Recomendação.

Fonte: Jardim do Agreste

SOBE PARA 219 CASOS E 15 ÓBITOS POR CORONAVÍRUS EM GARANHUNS




A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Vigilância Epidemiológica, informa que foram confirmados, nesta quarta-feira (03), 12 casos de Covid-19, em Garanhuns. As pessoas que testaram positivo para Covid-19 estão em fase de isolamento/tratamento, e permanecem sob o monitoramento da equipe da Secretaria de Saúde.

O boletim registra ainda a recuperação de dez pessoas que cumpriram o período de isolamento/tratamento, e não apresentam mais sintomas da doença. Cinco casos foram descartados, após resultado de testagem laboratorial, e 23 pessoas seguem aguardando resultado, para posterior confirmação ou descarte da Covid-19.

Atualmente Garanhuns tem 219 casos confirmados de Covid-19. Deste total 15 pessoas vieram a óbito, 119 estão recuperadas após cumprir o período de isolamento domiciliar e não apresentar mais sintomas; e 85 pessoas que foram confirmadas com Covid-19 estão em fase de tratamento e/ou isolamento. Ao todo, 187 casos já foram descartados, após serem submetidos ao exame e obtiverem resultado negativo.

A Secretaria de Saúde reforça o pedido para que a população permaneça em casa! Se for necessário sair, faça o uso de máscara, lembrando também dos cuidados com a higiene. Todos aqueles que não estão envolvidos com os serviços essenciais devem cumprir as medidas de distanciamento social, de acordo com as orientações das autoridades sanitárias.

Fonte: Secom

terça-feira, 2 de junho de 2020

O DESCOMPASSO ENTRE A ÉTICA JORNALÍSTICA E A ÉTICA DA EMPRESA, POR SÍLVIA MEIRELLES LEITE




Jornalistas e pesquisadores do jornalismo vêm debatendo sobre os novos desafios que a pandemia da COVID-19 está apresentando à profissão. As análises evidenciam questões como a permanência do home office e o fortalecimento da profissão no pós-pandemia. Entretanto, o cenário brasileiro, de crise sanitária e crise política, também dá visibilidade a temas recorrentes, como as divergências entre a ética jornalística e a postura adotada por veículos de comunicação.

O cancelamento da exibição do telejornal SBT Brasil no dia 23 de maio pode ser identificado como um caso que escancarou o conflito entre os princípios do jornalismo e os interesses da empresa. Sílvio Santos, dono do SBT, vetou a exibição do telejornal devido às reclamações do governo federal sobre a cobertura do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, substituindo o telejornal por outro programa sem prestar esclarecimentos ao público. A postura do SBT violou o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que defende o direito do cidadão à informação e considera a obstrução à divulgação de informações um delito contra a sociedade. Com essa ação, a emissora, que é uma concessão pública, deixou claro que as vantagens decorrentes de uma proximidade com o governo de Bolsonaro são mais importantes que sua atividade jornalística. Esse caso não é isolado, mas chamou atenção pela nitidez dos interesses que respaldaram a escolha realizada pela empresa.

Para refletir sobre a configuração desse descompasso, é preciso entender que a notícia vem sendo tratada como um produto vendido por empresas e que, apesar de atender à necessidade social de manter as pessoas informadas, também atende às necessidades do mercado. A consolidação de fortes grupos empresariais no século XX, os quais investiram em grandes tiragens e em grandes audiências, contribuiu para que as empresas tratem a veiculação ou a ausência de notícias como uma moeda de troca com diferentes instituições. Nessa leitura, quando o SBT não transmite o seu principal telejornal para não veicular notícias sobre o vídeo da reunião ministerial, a empresa está usando uma moeda de troca com o governo federal.

As empresas jornalísticas precisam se sustentar, oferecer condições de trabalho e pagar salários dignos aos seus empregados e colaboradores, de modo que a problematização não está na busca por financiamento através de assinaturas, publicidade ou outras formas de patrocínio. O descompasso está em usar a necessidade de rentabilidade da instituição para justificar atitudes que ferem a ética jornalística. O jornalismo é uma atividade econômica, mas também é uma atividade de utilidade pública.

As condições de trabalho no setor trazem indícios importantes para pensar sobre essa relação entre a ética jornalística e a ética dos veículos de comunicação. Desde o início da pandemia, tem-se falado do esforço de jornalistas e demais profissionais que atuam no setor para informar a população, considerando que muitos estão indo às ruas para fazer a apuração de pautas. Também se tem evidenciado os cuidados necessários para garantir a saúde desses profissionais. Levantamento realizado pela Coletiva.net com emissoras de Porto Alegre/RS destacou como o telejornalismo se reorganizou para atender à necessidade de distanciamento social. A notícia aponta para a preocupação das empresas gaúchas com a saúde dos profissionais e dos entrevistados, bem como para a adoção do home office por profissionais que estão no grupo de risco ou que realizam atividades que podem ser executadas em casa. A Globo News trouxe para sua programação o News de Casa, com pequenas inserções que apresentam relatos de jornalistas contando sobre o trabalho jornalístico realizado em home office. Também é comum ver jornalistas contando em seus perfis das redes sociais como estão realizando o trabalho de casa e como estão se adaptando à nova rotina. Mas esse cuidado não é regra: a sucursal do SBT do Rio de Janeiro, que foi denunciada pela situação de insalubridade entre os funcionários, já registrou a morte por coronavírus do editor de imagens José Augusto da Silva e do cinegrafista Robson Thiago Mesquita.

Nesse cenário, os mesmos jornais que noticiam, com pesar, o aumento do desemprego e como isso desestabiliza a vida das pessoas, também estão demitindo os seus profissionais. As notícias sobre a sobrecarga e as descobertas do home office, não falam o quanto isso camufla o aumento da carga horária de jornalistas, que precisam produzir pautas com dados em constante atualização. Nos grandes veículos, o mesmo jornalismo que denuncia a escassez e a precariedade do trabalho num período de recessão, não relata esses impactos na vida dos jornalistas. De acordo com a ABI, apesar do jornalismo ser considerado a fonte mais confiável sobre a pandemia e do aumento de audiência em sites e programas de rádio e televisão, jornalistas estão denunciando demissão em massa e cortes em salários e benefícios.

Além dos jornalistas, outros profissionais que realizam atividades relacionadas com as empresas de jornalismo estão sendo atingidos, dentre eles, os trabalhadores de call center, que foi considerado serviço essencial por decreto do governo federal. Por uma questão pessoal, pude observar que o telemarketing de vendas de assinaturas da Folha de São Paulo e do Estadão atuaram regularmente nos meses de março, abril e maio, enquanto os números de contaminados pelo coronavírus estavam crescendo significativamente no Brasil. Na segunda quinzena de março e no mês de abril, cheguei a receber duas chamadas semanais do telemarketing de cada um dos jornais. Em maio, as chamadas passaram a ser quinzenais. Nesse mesmo período, em 21 de março, a Folha de São Paulo noticiou que atendentes de call center temiam pela contaminação e pediam para parar as atividades. No final de abril, a Folha também publicou notícia sobre a morte por coronavírus de uma funcionária de call center de São Paulo. As notícias destacam os relatos dos trabalhadores sobre a falta de cuidado das empresas com protocolos para evitar a contaminação, também ressaltam que a categoria recebe em média um salário mínimo, o que dificulta que os trabalhadores tenham estrutura de internet e computador em suas residências para realizar as atividades em home office. Ao mesmo tempo em que os jornais noticiam a precariedade e os perigos para os trabalhadores de telemarketing, fazem uso dessa atividade para garantir a saúde financeira das empresas.

É indiscutível o esforço do jornalismo brasileiro na cobertura da pandemia. Pautas se preocupam em trazer dados científicos atualizados, problematizam as informações oficiais, contam as histórias das pessoas atingidas pela COVID-19 e noticiam como as políticas públicas estão sendo conduzidas para atender a população. Junto a essa cobertura, grandes veículos como o Grupo Globo, a Folha de São Paulo e o Estadão, estão detalhando o conturbado cenário econômico e político do país. Um exemplo disso, é a propensão da Globo por divulgar pesquisas sobre como as pessoas estão avaliando a gestão da crise do Coronavírus pelo Governo Federal. Esse tipo de pesquisa não se resume à avaliação da população sobre a gestão de Bolsonaro durante a pandemia, ela apresenta indícios sobre como as pessoas estão interpretando as notícias divulgadas por veículos de grande audiência. Essas pesquisas podem ser interpretadas como uma informação de interesse público, mas também atendem às necessidades do mercado das empresas jornalísticas.

Apesar das contradições entre o que é noticiado e os bastidores das empresas e apesar dos limites impostos por veículos de comunicação de grande audiência, que restringem a notícia à uma mercadoria que precisa gerar lucro ou trazer outras vantagens para a empresa, o jornalismo é uma atividade criadora e de interesse público. A imprensa independente e alternativa tem mostrado iniciativas que buscam se desvencilhar das amarras que limitam a notícia aos interesses do mercado, apresentando pautas e formas de financiamento diferenciadas. Entretanto, o desafio está em aprender como ser rentável sem sucumbir ao descompasso entre a ética jornalística e a ética da instituição.

Sílvia Meirelles Leite – Professora da UFPEL e pesquisadora do objETHOS

Fonte: Jornal GGN