É insuperável a capacidade que tem o Brasil de
banalizar e desacreditar o uso de conceitos, expressões e significados de
atividades políticas, a tal ponto que conseguiu criar entre sua população o
preconceito contra a própria política.
Não me refiro à política partidária, mas à Política com
P maiúsculo: a política que um estado pratica no interesse de seus cidadãos.
Ditadura, democracia, Estado de Direito, Terrorismo,
Esquerda, Direita, Comunismo, Fascismo, Direitos Humanos, repressão, tortura,
Justiça Social, Constituição, Liberdade de Expressão, neoliberalismo,
socialismo e outros temas afins tornaram-se para muitas pessoas assuntos
desagradáveis, especialmente depois que a banalização e a vulgarização abriram
o caminho para o ódio entre os cidadãos brasileiros.
Os temas acima fazem parte da vida política da maioria
dos países, senão mesmo de todos, sobretudo na história contada e estudada do
século XX e agora no início do XXI.
“Todo político é ladrão” ou “Todo político é corrupto”
são bordões que se ouvem aqui e ali, independente da classe social a que
pertençam os eventuais dialogantes.
“Política, futebol e religião eu não discuto”, costumam
encher a boca os covardes, os oportunistas e os que tiram proveito da
despolitização.
Porque essa despolitização é propositalmente construída
por um lado e irresponsavelmente aceita e negligenciada por outro. Já me
explico.
Sempre que a classe dominante brasileira, mesmo vivendo
protegida por uma falsa democracia que ela mesma cria em seu favor, sempre –
repito – que se vê ameaçada por pequenas conquistas sociais praticadas em
governos de algum viés popular, levanta-se logo o bordão da corrupção como
pretexto para golpes de estado. Como se parte dela, a classe dominante, não
tivesse construído muito de seu poder econômicos através da corrupção e dos
maus costumes…
Foi assim com Getúlio Vargas, com João Goulart e mais
recentemente com os governos do Partido dos Trabalhadores, ao se pedir o
impeachment de Dilma Rousseff e impedir o ex-presidente Lula de disputar as
eleições de 2018.
O ápice desse comportamento possibilitou chegar ao
governo do país, nas últimas eleições, um amontoado de facínoras que levam a
banalização ao paroxismo. E o país a um futuro incerto.
Homens e mulheres que, incapazes de governar, fazem da
mentira e da fofocagem rasteira o principal assunto de uma administração
ridícula e vergonhosa do Brasil.
A mídia tradicional e a nova mídia digital são pautadas
pela boçalidade, seja para defender ou criticar um dos governos mais infames
que alguma vez tivemos.
Quais são os programas do governo para a saúde
econômica do pais? O programa para a educação, para a defesa da nossa
soberania, para o comercio exterior, para a cultura?
E, o que é ainda mais grave, num quadro de uma pandemia
virótica que vai aumentando dia a dia o número de infectados e mortos pelo novo
coronavírus, qual o programa para a saúde de sua população?
Temos um governo que dialoga com a morte e não com a
vida e que paradoxalmente tem uma de suas bases em homens que pregam o amor de
Jesus Cristo e outra em policiais civis e militares, enquanto tenta liberar a
venda de armas para os cidadãos.
Um governo, para resumir, que tem orgulho de ser
machista e autoritário por um lado. E por outro, extremamente preconceituoso
contra sua população mais pobre.
Orgulho e preconceito a serviço de uma mentalidade
medieval.
Fonte:
Jornal GGN