sexta-feira, 3 de abril de 2020

O MITO MAIS MALIGNO QUE O VÍRUS, POR LUCIANO ELIA




No momento em que o mundo atravessa, planetariamente e de forma inédita, a escalada de uma pandemia de efeitos devastadores e letais em ampla escala populacional e em que todos os países, do Oriente ao Ocidente, estão adotando medidas bastante semelhantes e convergentes em seus eixos e princípios, fundamentados na Ciência, na Saúde Coletiva e na Epidemiologia, tais como a redução radical de atividades coletivas – laborativas, educativas, culturais e de lazer –, isolamento social, reclusão domiciliar, entre outras – medidas onerosas em vários níveis, mas entendidas e internacionalmente comprovadas como as mais eficazes e, portanto, exigíveis para conter a disseminação da doença e reduzir ao mínimo o número inevitavelmente elevado de óbitos, o Sr. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, na data de 24 de março, vem a público, em cadeia nacional de televisão, fazer declarações em sentido absolutamente contrário a todas essas medidas lúcidas, necessárias e protetivas à população.

Ele afirma que a pandemia, que já atingiu mais de dois mil e matou meia centena de brasileiros, não passa de uma “gripezinha”, que existe uma “histeria coletiva” em torno dela, que a economia não pode sofrer os efeitos dessas medidas exageradas e desnecessárias de isolamento social, “que outros vírus já mataram muita gente e ninguém fez esse estardalhaço” e convoca a sociedade a sair do isolamento que a tem protegido: os trabalhadores devem retornar aos seus postos de trabalho, os estudantes às salas de aula, os idosos a saírem às ruas, e assim por diante.

É curioso pensar que o isolamento social que temos tido que praticar não guarda qualquer relação com uma postura individualista ou egoísta: pelo contrário, de modo aparentemente paradoxal, o isolamento é social em um outro sentido: solidário, coletivo, até amoroso, e portanto com elevado senso de alteridade. Afastamo-nos fisicamente porque estamos juntos socialmente, ligados no outro. Isso é inédito em um país como o nosso, no qual a antropológica « cordialidade » nunca significou uma verdadeira consciência solidária ou coletiva, e onde sempre vigeu a famosa « lei do Gérson », a de levar vantagem em tudo e o princípio do « meu pirão primeiro »! Esses traços, tão típicos, familiares e contumazes entre nós são exatamente os pontos de identificação do « brasileiro médio » com seu atual presidente.

Este mesmo que, em frontal desrespeito às autoridades científicas das áreas envolvidas, total desprezo pela imprensa que tem feito um admirável trabalho de informação, conscientização e, portanto, de proteção à população, inaceitável anulação do empenho dos profissionais de saúde de ponta que, correndo risco de contaminação, não recuam de sua tarefa assistencial e preventiva, e finalmente em abominável descaso pela vida humana do povo brasileiro, Jair Bolsonaro atira a sociedade inteira no risco de morte e no caos, num momento em que, como presidente, ele deveria ser o primeiro a assumir a postura responsável e protetiva que todos os setores e atores da sociedade estão assumindo, cada um por seus meios próprios, exceto ele próprio e um séquito felizmente cada vez menos numeroso de seguidores cegos pelo fanatismo e pela ignorância voluntária.

É preciso indignar-se com isso, enraivecer e, para dar a essa posição um lastro que a situe além do nível do pathos, evoco o verso de Ruy Guerra e Milton Nascimento em Canto Latino de 1970, auge daquela ditadura: A calmaria é engano! Mas penso também que precisamos ir além da perplexidade e da indignação e entender, com frieza de guerra, que as declarações deste presidentezinho maligno (a sua “gripezinha” dá salvo conduto a este diminutivo) tem uma lógica, não são frases desconexas ou loucas, nem de um louco: que em suas reações e atos ele revele uma evidente posição paranóica, sobretudo em suas querelas pessoais com inúmeros ex-aliados com os quais vive rompendo não deve nos iludir: ele não é louco quando profere suas barbaridades políticas. Esta lógica, devemos admiti-lo, torna-se mais inteligível na boca de empresários safados, porém com maior desenvoltura na língua portuguesa: é bem melhor que morram milhares de pobres do que parar a economia acarretando perdas de lucro e capital. Adotar uma política globalmente protetiva da vida da população ao preço de perder lucro pela redução da máquina econômica é inaceitável nessa lógica. O que são milhares de pobretões ou velhos não necessariamente pobres, em 210 milhões de brasileiros, diante dos balancetes das empresas? Por mais difícil que seja dizer isso, faz sentido!  Um sentido perverso, o que podemos dizer sem qualquer pathos ofensivo e com a serenidade da discursividade científica da Psicanálise, posto que na base da voracidade de lucro está a recusa da castração e da perda, no caso, de capital, o que deve ser evitado a qualquer custo, preferindo-se a morte (dos outros, dos pobres, bien sûr). É uma escolha. Bolsonaro não está louco, mas escancarando uma escolha: o lucro ou a vida? Sabemos, na Psicanálise, aonde isso leva… Se não pudemos ler o sentido e a lógica necroliberal das declarações insanas, porém coerentes, do presidentezinho e só ficarmos enraivecidos, enfraqueceremos nosso arsenal nessa guerra. Pra viver nesse chão duro tem que dar fora ao fulano!

Mas como psicanalista, que segue outra lógica discursiva e exerce no laço social uma função à qual, nas palavras de Lacan, deve renunciar todo aquele que não puder encontrar em seu horizonte a subjetividade de sua época, não posso silenciar diante das declarações de Jair Bolsonaro e quero expressamente designá-las aqui como desastrosas, irresponsáveis, insanas, deletérias e mortíferas. Associo-me a todas as entidades, instituições e cidadãos que já vem se manifestando, desde ontem à noite, contra as declarações de Jair Bolsonaro, a começar pela totalidade de governadores dos estados brasileiros, que demonstram lucidez, coragem e espírito público – qualidades que faltam ao “presidente”, os médicos sanitaristas e epidemiologistas e suas sociedades científicas, os demais profissionais de saúde, os pesquisadores, as universidades, a imprensa, enfim, todos aqueles que tem defendido a população da grave ameaça que pende como espada sobre a sua cabeça e tem feito tudo que está a seu alcance para reduzir os danos da situação que todos temos que atravessar. Não podemos deixar de lastimar o agravante de ter que atravessar tudo isso sem um presidente da República à altura de liderar esse combate em defesa da vida, e, o que é pior, com um soi-disant presidente que, não podendo ajudar, tenta jogar todo o trabalho coletivo que vem sendo realizado no chão. Mas ele não vai conseguir isso, a sociedade parece estar acordando do seu torpor e querendo fazer outras escolhas.

Para concluir, reconvoco Ruy & Milton no seu canto latino-americano:

A primavera que espero,
por ti irmão e hermano,
só brota em ponta de cano, em brilho de punhal puro. Brota em guerra e maravilha, na hora, dia e futuro
que a espera virar

Fonte: Jornal GGN

GOVERNO DO ESTADO RECEBE DOAÇÃO DE DUAS TONELADAS DE ALIMENTOS ATRAVÉS DA CAMPANHA PERNAMBUCO SOLIDÁRIO




Uma parceria entre a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ) e o Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) garantiu a doação de cerca de duas toneladas de alimentos, água e produtos de higiene e limpeza, donativos que se juntam a outros itens arrecadados pela campanha Pernambuco Solidário contra o Coronavírus. A ação estimula instituições da sociedade civil e condomínios residenciais, além de empresas privadas, a fazerem esse tipo de doações, que serão enviadas para população pernambucana em situação de pobreza e extrema pobreza. Os produtos foram doados pelo Cremepe na tarde desta quarta-feira (01) e serão distribuídos para os municípios, que se encarregam de direcioná-los ao público.

O secretário da SDSCJ, Sileno Guedes, destaca que a doação do Cremepe vai gerar um impacto muito positivo nas vidas das famílias que estão mais vulneráveis, principalmente durante o período de isolamento social. “Quem pensava que os médicos estavam cuidando apenas da questão sanitária e da nossa saúde, temos aqui um belo exemplo de manifestação de solidariedade. Todos esses alimentos seguem agora para a central do Pernambuco Solidário para depois serem distribuídos para aquela camada da população que está fora dos programas sociais. Agradecemos aos médicos pernambucanos e pedimos que outras instituições e famílias também possam colaborar”, afirma.

O presidente do Cremepe, Mário Fernando Lins, pontua que, como órgão de saúde, o Conselho se sente no direito de cuidar das pessoas no que diz respeito a suas necessidades básicas, como alimentação e higiene, e encoraja que mais profissionais e a sociedade se engaje na campanha. “Nesse momento, conclamamos os médicos a continuarem essa doação. Foi um gesto muito importante de solidariedade, estamos dando exemplo e esperamos que essa doação continue. Isso é resultado de uma semana de arrecadação que estamos doando ao Governo do Estado e queremos superar essa marca na próxima semana. Esperamos que a população se junte a nós para mitigar a fome e a necessidade de quem não tem condições”, ressalta.

A campanha Pernambuco Solidário contra o Coronavírus mobiliza as entidades da sociedade civil, como Igrejas, Organizações não Governamentais (Ongs) e condomínios residenciais, a doar os produtos. Para isso, a SDSCJ oferece coletas em domicílio para contribuições de, no mínimo, 50 kg ou 50 litros de água. Para marcar data e horário da entrega das doações, as instituições devem entrar em contato com a Ouvidoria Social através do número 0800 081 4421, (81) 3183-3055, ou pelo Whatsapp (81) 98494 1969, das 9h às 16h.

Além dos contatos de telefone, o e-mail pesolidario.covid19@gmail.com também poderá ser utilizado. Através desses canais citados, é possível agendar o dia para que o caminhão disponibilizado pelo Governo do Estado passe no endereço indicado para o recolhimento.

Já as empresas, indústria e comércio que quiserem doar poderão entregar no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (CEASA), na BR 101 Sul, Km 70, Nº 550, Curado, Recife. No entanto, o #PernambucoSolidario também é voltado para pequenas doações. Nesse caso, o ponto de entrega é na SDSCJ, que fica na Av. Cruz Cabugá, 665 – Santo Amaro.

Serviço:
Doações de alimentos, itens de higiene pessoal e água mineral
Dúvidas: 0800 081 4421, (81) 3183-3055 Whatsapp (81) 98494 1969, das 9h às 16h, todos os dias da semana.

Fonte: Jardim do Agreste

MULHER DE 37 ANOS MORRE COM CORONAVÍRUS E SOBE PARA 9 NÚMERO DE ÓBITOS EM PERNAMBUCO; ESTADO TEM 106 CASOS CONFIRMADOS




Subiu para nove o número de mortes de pacientes com o novo coronavírus, nesta quinta-feira (2). De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), foi um óbito a mais que na quarta-feira (1º). Também houve 11 novas confirmações para a Covid-19, doença causada pelo novo vírus, totalizando 106 casos confirmados.

O novo óbito é de uma mulher de 37 anos, moradora do Recife. Ela foi a pessoa mais jovem a morrer com a Covid-19, em Pernambuco. Ainda de acordo com a SES, a paciente tinha problemas cardíacos e, no dia 25 de março, foi atendida em uma emergência de uma unidade privada de saúde. Ela foi medicada para dor no corpo e dor de garganta e recebeu alta.

No dia 26, ela teve desconforto respiratório intenso, dores no corpo e cianose, que é quando há coloração azul-arroxeada das extremidades. Ela foi socorrida para a mesma unidade de saúde, onde foi entubada. Ela não resistiu e morreu no mesmo dia. A confirmação da contaminação por coronavírus foi divulgada nesta quinta (2).

A Secretaria de Saúde informou que estão sendo realizadas as devidas orientações sobre isolamento e monitoramento dos familiares e contatos da pacientes.

Boletim

Dos 11 novos casos confirmados de coronavírus, dois são homens, com 31 e 61 anos, e nove são mulheres, com idades entre 33 e 71 anos. Dez deles são moradores do Recife e um, de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana.

Houve, ainda, três novas curas clínicas de pacientes da Covid-19, totalizando 17 recuperações. São de dois homens, de 47 e 34 anos, ambos residentes em Jaboatão dos Guararapes, e uma mulher de 39 anos, moradora do Recife. Há, no momento, 30 pacientes internados, sendo 19 em Unidades de Terapia Intensiva e 11 em leitos de isolamento. Outros 50 estão em isolamento domiciliar.

Cidades pernambucanas com casos confirmados

Recife
Jaboatão dos Guararapes
Olinda
Camaragibe
São Lourenço da Mata
Palmares
Belo Jardim
Caruaru
Petrolina
Ipubi
Goiana
Aliança
Fernando de Noronha

Mortes por coronavírus no estado

Homem de 85 anos que estava internado no Hospital Universitário Oswaldo Cruz, no Centro do Recife. Ele tinha histórico de diabetes, hipertensão e cardiopatia isquêmica

Homem de 69 anos que morava no Recife. Ele era hipertenso e tinha histórico de viagem para Portugal e Itália

Turista canadense de 79 anos que estava no navio retido por 14 dias no Porto do Recife

Homem de 82 anos que morava no bairro do Vasco da Gama, na Zona Norte do Recife. Ele era diabético, hipertenso e tinha histórico de infecção do trato respiratório

Mulher de 69 anos que estava em hospital privado, no Recife. Ela tinha leucemia

Homem de 62 anos, morador de Goiana, que estava internado no Hospital dos Servidores, no Recife. Ele tinha diabetes e hipertensão

Homem de 64 anos, morador do Recife. Ele tinha diabetes e hipertensão, além de ter passado por um transplante renal há dez anos

Homem de 81 anos, morador de Olinda. Ele tinha doença de Parkinson

Mulher de 37 anos, moradora do Recife. Ela tinha problemas cardíacos.

Fonte: G1 Caruaru

CORTES DE 50% NOS RECURSOS DO SESC E DO SENAC PREJUDICAM EMPRESAS, TRABALHADORES E POPULAÇÃO EM PLENA CRISE DA COVID-19




O Governo Federal não aceitou o pacote de medidas no valor de R$ 1 bilhão da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), administradora de um dos maiores sistemas de desenvolvimento social do mundo, o Sistema CNC-Sesc-Senac, para o combate à pandemia do novo Coronavírus (Covid-19), no Brasil. Ao contrário, publicou a Medida Provisória Nº 932/20, no último dia 31/3, que institui cortes de 50% nas contribuições das empresas para o Sistema S por um período de 3 meses.

A decisão do Governo gera um profundo impacto na atuação das duas instituições em Pernambuco. O Sesc e o Senac deixarão de realizar mais de 3,1 milhões de atendimentos ao público e inscrições em cursos e serviços no estado. Com a redução do orçamento dos S, será necessário fechar unidades, podendo chegar a até 29 equipamentos do Sesc e do Senac no território pernambucano.

Em todo o País, conforme alertou já na semana passada a CNC, será preciso fechar 265 unidades do Sesc e Senac com a diminuição dos recursos, além de reduzir mais de 36 milhões de atendimentos, no Brasil. A redução dos atendimentos do Sesc e do Senac vai ocorrer em municípios que, em muitos casos, necessitam da infraestrutura dessas instituições para atendimento básico à população.

“A sociedade será a maior prejudicada, diante do atual contexto do País e do risco da perda, em alguns meses, de grande parte do que foi construído em sete décadas e meia de prestação de serviços de educação e bem-estar ao povo brasileiro”, ressalta o presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac-PE, Bernardo Peixoto. Com o fechamento temporário das empresas do comércio na maioria dos estados brasileiros, é provável que o número de demissões aumente, o que representa uma redução ainda maior das verbas que serão destinadas ao Sesc e ao Senac.

O discurso de corte de gastos, no entanto, é contraditório, já que o Governo Federal não apresentou proposta alguma na contenção de impostos. “A diminuição e a isenção de tributos seria uma medida efetiva na proteção do comércio, principalmente em relação às micro e pequenas empresas”, informa Peixoto. A redução da contribuição para os empresários tem um efeito mínimo, já que a conservação desses serviços protegeria ao mesmo tempo a saúde da população e dos seus trabalhadores.

Para evitar o fechamento das unidades e a redução dos atendimentos, a CNC havia enviado, na semana passada, ao presidente da República Jair Bolsonaro, aos ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e aos presidentes da Câmara Rodrigo Maia e do Senado David Alcolumbre um plano de ações do Sesc e Senac, no valor de R$ 1 bilhão, para conscientização, combate ao novo Coronavírus (Covid-19) e prestação de serviços à sociedade nos próximos três meses.

IMPACTO - 50% de corte na arrecadação compulsória em 3 meses em Pernambuco

Números gerais em PE
Menos 3.126.611 atendimentos, vagas e inscrições nos serviços oferecidos por Sesc e Senac

Números gerais no Brasil
Menos 36.409.873 atendimentos, vagas e inscrições nos serviços oferecidos