Uma coisa que apreendi na minha vida é simplesmente
quando falar mal de algum ícone para muitos do passado é ter certeza no que
escrevo, porém quando critico ícones de alguns, sofro refutações como a que
recebi de meu artigo intitulado como “David Ricardo Malthus Galton e seu
sucessor Sir Patrick Vallance vão aplaudir de seus túmulos o excelente primeiro
ministro britânico”, realmente deveria utilizar uma pontuação melhor pois Sir
Patrick Vallance está ainda vivíssimo e seguindo os princípios de seus mestres
do passado. Foi um erro, porém o meu crítico em “Malthus e a pandemia:
colocando alguns pingos nos is”, fez um erro bem mais grave quando na a sua
crítica demonstra que o mesmo só leu algum resumo do “An Essay on the Principle
of Population” e estranhou a crítica sobre este escroto de escritor inglês.
Se o mesmo tivesse feito como eu, no lugar de ler
resumos, procurar a obra de Thomas Malthus, teria visto que a sua obra é
composta de duas partes, a primeira que aparece nos resumos e na Wikipedia
(talvez a verdadeira fonte do autor da crítica), ele teria lido o segundo
volume, que praticamente ninguém lê, em que este “fantástico” cientista do
passado mostra os verdadeiros motivos porque ele escreveu toda a sua teoria
populacional.
Se em vez de ler somente resumos ou informações da
Wikipédia, já no início do volume 2, livro III começa com um instigante título.
OF THE DIFFERENT SYSTEMS OR EXPEDIENTS WHICH HAVE BEEN
PROPOSED OR HAVE PREVAILED IN SOCIETY, AS THEY AFFECT THE EVILS ARISING FROM
THE PRINCIPLE OF POPULATION.
Mas lá pelo meio do primeiro parágrafo, aparece a real
intenção de Malthus.
Tradução Google: “…..Se esse fosse realmente o caso, e
um belo sistema de igualdade fosse viável em outros aspectos, não posso pensar
que nosso ardor na busca de tal esquema deva ser amortecido pela contemplação
de uma dificuldade tão remota. Um evento a essa distância pode ser
razoavelmente deixado para Providence…..”
Ou seja, a tese principal de Malthus, como se pode ver
ao longo de todo o Volume II, que deveria ser lido por críticos mais
desavisados, é que O NATURAL É OS FILHOS DOS POBRES MORREREM DE FOME.
Esta afirmação colocada em destaque não é uma
elucubração da minha parte, para tanto colocarei um trecho, também traduzido
via Google que diz expressamente isto:
“Livro IV, Capítulo III: Do único Modo eficaz de
melhorar a Condição dos Pobres.
…….Não é necessário que ajamos de motivos aos quais não
estamos acostumados; buscar um bem geral, que não possamos compreender de
maneira distinta, ou cujo efeito possa ser enfraquecido pela distância e
difusão. A felicidade do todo deve ser o resultado da felicidade dos indivíduos
e começar primeiro com eles. Nenhuma cooperação é necessária. Cada
passo diz. Quem cumprir fielmente o seu dever colherá todos os frutos dele,
qualquer que seja o número de outros que fracassam. Este dever é inteligível
com a capacidade mais humilde. É meramente que ele não deve trazer seres ao
mundo, para os quais não consegue encontrar os meios de apoio. Quando um
assunto é eliminado da obscuridade lançada sobre ele por leis paroquiais e
benevolência privada, todo homem deve sentir a convicção mais forte de tal
obrigação. Se ele não pode sustentar seus filhos, eles devem morrer de
fome; e se ele se casa diante de uma probabilidade justa de não poder sustentar
seus filhos, ele é culpado de todos os males que traz sobre si mesmo, sua
esposa e seus filhos……..
“Livro IV, capítulo V: Das consequências de seguir o
modo oposto.
É uma verdade evidente que, qualquer que seja a taxa de
aumento dos meios de subsistência, o aumento da população deve ser limitado por
ela, pelo menos depois que os alimentos tiverem sido divididos nas menores
partes que sustentarão a vida. Todas as crianças nascidas, além do que
seria necessário para manter a população nesse nível, devem
necessariamente perecer, a menos que lhes seja dado espaço pela morte de
adultos…..” Os Grifos são meus.
Para quem quiser ler em Inglês, no original, é simples,
é só abrir no seguinte link
Mas só para mostrar o forte vínculo entre Mathus e os
atuais favoráveis do sistema de imunização via “imunização de rebanho (“herd
immunity”, em inglês)”. Vou colocar um parágrafo inteiro do livro de Mathus, em
que ele defende a VARÍOLA CONTRA A TENTATIVA DE ERRADICAÇÃO DESSA DOENÇA.
“O Dr. Haygarth, no esboço de seu plano
benevolente para o extermínio da varíola casual, desenha uma imagem assustadora
da mortalidade ocasionada por essa enfermidade, atribui a ela o lento progresso
da população e faz alguns cálculos curiosos sobre os efeitos favoráveis que
seriam produzidos a esse respeito pelo seu extermínio. No entanto, receio que
suas conclusões não sejam retiradas de suas premissas. Estou longe de
duvidar que milhões e milhões de seres humanos tenham sido destruídos pela
varíola (raciocínio Bolsonariano, tipicamente anticientífico, o grifo é
meu). Mas foram suas devastações, como supõe o Dr. Haygarth, muitos milhares de
graus maiores que a praga, eu ainda deveria duvidar se a população média da
Terra havia sido diminuída por eles. A varíola é certamente um dos canais,
e um canal muito amplo, que a natureza abriu nos últimos mil anos, para manter
a população no nível dos meios de subsistência; mas, se isso fosse fechado,
outros se tornariam mais amplos ou novos seriam formados. Nos tempos
antigos, a mortalidade causada pela guerra e pela praga era incomparavelmente
maior do que na moderna. Na diminuição gradual desse fluxo de mortalidade, a
geração e a prevalência quase universais da varíola são um grande e
impressionante exemplo de uma dessas mudanças nos canais de mortalidade, que
devem despertar nossa atenção e nos animar ao paciente e ao paciente.
perseverante investigação. Pela minha parte, não sinto a menor dúvida de que,
se a introdução da varíola bovina extirpar a varíola, e ainda assim o número de
casamentos continuar o mesmo, encontraremos uma diferença muito perceptível no
aumento da mortalidade de algumas outras doenças. Nada poderia impedir
esse efeito, a não ser um começo repentino em nossa agricultura; e, se isso
acontecer, não será tanto devido ao número de crianças salvas da morte pela
inoculação da catapora, como também aos alarmes ocasionados entre as pessoas de
propriedade pelas escassas tardias, e aos crescentes ganhos dos agricultores,
que foram tão absurdamente reprovados. No entanto, estou fortemente inclinado a
acreditar que o número de casamentos não permanecerá, nesse caso, o mesmo; mas
que a luz gradual, que se espera que seja lançada sobre esse interessante
tópico da investigação humana, nos ensine como fazer da extinção de um
distúrbio mortal uma verdadeira bênção para nós, uma melhoria real na saúde
geral e na felicidade da sociedade.”
Quem lê o segundo volume da obra de Malthus enxerga
claramente que tal obra, reforça o que se obtêm numa leitura criteriosa de seu
primeiro volume, com erros enumeráveis na suas análises de sociedades mais
distantes, onde ele verte pelos cantos da boca uma gosma de racismo e de
intolerância, para justificar no fim de tudo a avareza e o espírito mesquinho
de um Bolsonaro do passado, muito mais inteligente mas completamente sem o
mínimo caráter.
Por favor, críticos de plantão, antes de me criticar
por um título, que realmente tem um erro, leia o conteúdo e não se baseie em
informações da Wikipédia.
Quanto a segunda parte da crítica, quando chega ao
momento de justificar a postura inglesa, não sei se acho que o autor é ingênuo
ou simplesmente mal caráter. Escrever o seguinte texto:
“Inicialmente, o Reino Unido decidiu adotar uma postura
diferente. Por um lado, o governo não tentaria rastrear os contatos dos
indivíduos suspeitos. E os testes só seriam feitos em quem estivesse
hospitalizado. O governo evitaria também adotar medidas sociais de
natureza restritiva. A preocupação maior seria proteger os mais
vulneráveis. As faixas etárias mais jovens, a respeito das quais os dados
chineses sugerem que são também as faixas mais resistentes, estariam mais
expostas. Mas tenderiam naturalmente a desenvolver imunidade contra o vírus, o
que supostamente poderia representar um freio na disseminação doméstica da
epidemia. Trata-se de um fenômeno coletivo comumente referido pelo rótulo
de imunização de rebanho (“herd immunity”, em inglês)”.
Mas não vou ficar somente na colocação do que foi
escrito, vou deixar claro o porquê da safadeza deste tipo de “herd immunity”.
Primeiro que este tipo de imunização evitando “medidas sociais de natureza
restritiva”, é simplesmente uma forma de que exatamente as pessoas “mais
vulneráveis”, os velhos, as pessoas com outras dificuldades de compreensão da
situação, ou seja, os mais vulneráveis, são EXATAMENTE OS MAIS MAL INFORMADOS e
que não entendem os seus limites.
Hoje mesmo saiu uma pesquisa no Brasil, de
quem era contra a restrições de deslocamento, nos grupos dos mais idosos eram
onde se encontravam a maior resistência a isto. Porém IMUNIDADE DE REBANHO é
baseada exatamente nesse princípio, os mais aptos resistem, os mais fracos
morrem, exatamente como Malthus gostaria, por isso ele reviraria no seu podre
túmulo de prazer em ver que seus sucessores, como Sir Patrick Vallance,
seguindo as lições dos antigos mestres.
Só para dar mais uma pequena objeção para este abjeto
Sir Patrick Vallance, quando ele diz que: “Segundo Vallance, para que o
processo funcione e dê certo, cerca de 60% da população britânica precisariam
contrair a covid-19.” Ele está errando na sua hipótese básica, este corte de
60% é característico para viroses de baixo índice de transmissibilidade, como
por exemplo, a gripe normal, onde é 1:1 (o percentual seria 50%), ou seja, uma
pessoa infecta outra pessoa em média, como o Covid-19 a relação é 1:3, sendo
assim o corte deveria estar com valores acima de 70%, para gado e não para
humanos, além disso tem-se que levar em conta que surtos virais ocorrem em
ondas, podendo como a gripe espanhola ter três ondas ao longo do tempo.
O mais importante é que o uso de uma técnica de
IMUNIDADE DE REBANHO é simplesmente uma solução IDEOLÓGICA e não científica,
pois médicos e toda a nossa sociedade NORMAL, não vinculada a propostas
nazifascistas, prezam a vida humana acima de tudo, pois uma vida vale a
humanidade.
Fonte: Jornal GGN