domingo, 5 de julho de 2020

CORRUPÇÃO: CUIDADO PARA NÃO ERRAR O ALVO, POR RICARDO CAPPELLI




Deflagrada uma nova operação da Lava Jato contra José Serra. Por que só agora? Onde está Moro? Qual o momento vivido pela “República de Curitiba”? Acaso? Coincidência?

O dinheiro do povo é sagrado. O combate à corrupção é uma bandeira justa e necessária. Não possui partido ou ideologia. É obrigação. Mas é preciso tomar cuidado com a sua instrumentalização. É comum fariseus se travestirem de “salvadores da pátria”.

O Partido da Lava Jato está na defensiva, sob ataque do Procurador Geral da República. Entre outras coisas, foi descoberto que “sumiram” dois aparelhos responsáveis pelas escutas. Eles podem revelar eventuais grampos e gravações ilegais.

O pano de fundo da ofensiva de Augusto Aras é a briga de Bolsonaro com Moro pela bandeira do combate à corrupção e pelo controle da fração de classe que atua nestas instituições.

Além disso, as revelações das ligações da Lava Jato com o FBI e a proximidade do julgamento do “Torquemada do PowerPoint” no CNMP impuseram a necessidade de uma ofensiva diversionista. Que tal tirar da gaveta um Tucano?

Sempre que acuada pela esquerda, a “República de Curitiba” produz algo contra o PSDB. O que acontece? Quem vinha batendo neles, passa a bater nos Tucanos, legitimando as denúncias e a narrativa lavajatista.

Odebrecht contra uns é golpe, contra Serra é um trabalho exemplar?  Objetivo alcançado. Festa em Curitiba.

É necessário olhar além do fígado. Quem é o PSDB no “jogo do bicho”? FHC está na campanha de Huck. Serra é um “moribundo”. Aécio é uma “alma penada”. Alckmin virou “médico-comentarista” de programa televisivo.

Doria está doido para que estas denúncias avancem. Ele já afastou todos, e por muito pouco não mudou o nome do partido. Agora pode conseguir. Será candidato? A pandemia engoliu a agenda liberal. Vai disputar contra Bolsonaro e Moro no mesmo campo? Improvável.

A agenda do Brasil mudou. Foi empurrada para a centro-esquerda. O debate hoje é sobre a necessidade de investimentos em saúde pública, sobre o melhor caminho para fazer o país voltar a crescer e gerar empregos. Esta é a agenda de Moro?

O ex-juiz perdeu o palanque com sua saída do ministério da Justiça. Desde então as “operações” voltaram.  Uma clara tentativa de recolocar a agenda da corrupção na pauta.

O campo progressista deveria estar mais preocupado em discutir como o FBI atua aqui há tanto tempo sem que nenhuma providência tenha sido tomada.

Em qual país do mundo eles depositam dinheiro nas contas de delegados da polícia federal, grampeiam os emails da presidenta da República, sequestraram dados estratégicos da empresa de petróleo nacional, fazem a cooptação aberta de servidores públicos, e nada acontece? Como fizeram isso em governos progressistas sem nenhuma reação?

Eles permitem que nossa inteligência faça o mesmo nos EUA? O FBI serve aos interesses geopolíticos estratégicos estadunidenses. Combate à corrupção? Eles não viram o Banestado? Tem que ser muito ingênuo para cair neste “conto do vigário”.

Os adversários reais são Bolsonaro e Moro. E a narrativa de que o grande problema do Brasil é a “corrupção e o populismo”.

Cuidado. Atirar no alvo errado é fazer a campanha do inimigo.

Fonte: Jornal GGN

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